Shot Fair Joinville: a ‘disneylândia’ dos armamentistas em Santa Catarina

Shot Fair Joinville: a ‘disneylândia’ dos armamentistas em Santa Catarina

Compartilhe

Mais do que a principal feira do setor que reúne representantes da indústria bélica, o evento tornou-se um espaço de encontro entre CACs, militantes, influenciadores, financiadores e políticos bolsonaristas; Conheça as principais figuras envolvidas.

O armamento de civis e a consequente “cultura armamentista” que impulsiona tal pauta está na ordem do dia. Na semana que o Governo Lula assina um novo decreto que impõe mais regras e limita o acesso a armas de fogo no país, e coloca a medida sob o guarda-chuva do Programa de Ação e Segurança (Pas), o outro lado da moeda também está se mexendo. Enquanto o deputado federal e presidente do Proarmas – a principal organização lobista do setor – Marcos Pollon (PL-MS) promete se articular com a bancada ruralista para barrar os decretos de Lula, os “soldados da causa” se preparam para o principal evento do nicho, a Shot Fair Joinville, que acontece na próxima semana na cidade do norte de Santa Catarina.

Mais do que a principal feira do setor que reúne representantes da indústria bélica, o Shot Fair de Joinville tornou-se um espaço de encontro entre CACs, clubes de tiro, militantes, influenciadores, financiadores e políticos bolsonaristas. A partir da próxima terça-feira (2), toda essa fauna volta a se reunir e “trocar experiências” no seu maior evento anual pela terceira vez.

Idealizada em 2020 e inspirada pelo Shot Show de Las Vegas – evento correlato da NRA, National Rifle Association, organização responsável por aglutinar os interesses armamentistas nos Estados Unidos – a Shot Fair Joinville já foi realizada em 2021 e 2022.

Figuras como Eduardo Bolsonaro, que costurou a articulação política entre seu clã familiar e a NRA; Marcos Pollon, que como dito acumula um mandato de deputado federal com a presidência do Proarmas, a “NRA brasileira”; e Júlia Zanatta, deputada federal do PL-SC que frequentemente é pivô de polêmicas que envolvem as palavras “arma” e “Lula”, marcaram presença nas duas primeiras edições e devem se apresentar novamente.

Um documentário produzido em inglês pela Vice News retratou a Shot Fair Joinville de 2022 e mostrou que tal cultura é totalmente importada dos EUA. Também mostrou que o evento não abriga apenas clubes de tiro, fabricantes de armamentos e políticos bolsonaristas, como também influenciadores digitais e militantes [a princípio] anônimos da causa, como George Washington de Oliveira Sousa, preso dois meses após ir à Shot Fair Joinville 2022 com um arsenal avaliado em R$ 160 mil que pretendia distribuir para golpistas em Brasília derrubarem o governo Lula. Se interpelado pelas autoridades, disse que recorreria ao Proarmas para justificar sua ida a alguma competição de tiro; ele tinha registro de CAC (caçador, atirador e colecionador).

George Washington foi preso pela tentativa frustrada de explodir um caminhão de combustível aeronáutico no aeroporto de Brasília na última véspera de Natal. Na ocasião de sua prisão, o arsenal foi encontrado e, meses depois, o documentário da Vice que o entrevistou foi lançado.

Conexão bolsonarista em Santa Catarina
No início de agosto de 2021, Julia Zanatta se encontrou com o empresário Luciano Hang e com o presidente Jair Bolsonaro em Joinville. Na ocasião, ao lado de Jorginho Mello, à época senador e atual governador de Santa Catarina, e de Jorge Seif, ex-secretário da pesca de Bolsonaro e hoje senador, Júlia entregou ao ex-presidente inelegível um convite para participar de outro evento, ‘o maior de todos’, da indústria de armamentista. A Shot Fair seria realizado em Joinville entre os dias 19 e 21 de agosto daquele ano.

*Com Forum

Compartilhe

%d blogueiros gostam disto: