Deputado federal eleito com maior número de votos no Brasil, Nikolas Ferreira (PL-MG) ainda não tomou posse na Câmara, mas já pegou carona em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Apoiador de primeira hora de Bolsonaro e seu cabo eleitoral em Minas Gerais, Ferreira aterrissou nesta terça-feira com o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, no aeroporto municipal José Figueiredo, em Passos, no sudoeste do estado. A agenda teve como foco anunciar um investimento de R$ 150 milhões em parques nacionais de Minas, onde Bolsonaro tenta aumentar seu eleitorado no segundo turno.
Segundo Bela Megale, O Globo, Nikolas e Leite foram recebidos no local pelo deputado estadual Cleitinho Azevedo (PSC-MG), que foi eleito senador, e pelo deputado federal reeleito Diego Andrade (PSD).
Logo após pousarem em Passos, Nikolas Ferreira e o ministro do Meio Ambiente seguiram para São Roque de Minas acompanhados de Cleitinho. Na região da Serra da Canastra, na nascente do Rio São Francisco, foram recebidos pelo deputado estadual Noraldino Júnior (PSC), a secretária estadual de Meio Ambiente, Marília Carvalho, e guias do parque.
O ministro anunciou investimentos para melhorias na infraestrutura para sete parques federais localizados no estado, tirou fotos e gravou vídeos. Tudo foi registrado e divulgado nas redes sociais de Nikolas Ferreira e Cleitinho, que somam milhões de seguidores.
Em suas redes, Ferreira disse que foi à região com o ministro para mostrar “os avanços do meio ambiente em Minas Gerais”. Na mesma postagem, já do lado de fora da aeronave, o vereador repetiu o bordão que usa para pedir votos a Bolsonaro. “Ao trabalho. Bora virar”. O deputado federal eleito também escreveu, sobre uma das fotos postadas, a frase “isso você não vê na Globo, mas a gente mostra”, repetindo as palavras usadas por Bolsonaro em ataques à imprensa.
A campanha petista tem levado à Justiça Eleitoral denúncias contra Bolsonaro e aliados pelo uso constante de aeronaves da FAB para a participação de atos de campanha. O uso de avião da FAB é permitido para ministros de Estado, mas o Tribunal Superior Eleitoral veda o uso da máquina administrativa para realizar campanha. Entre as práticas proibidas, estão viagens em aeronaves, carros ou prédios de órgãos públicos para fins de campanha.
A campanha do presidente tem dedicado esforços para que Bolsonaro melhore seu desempenho em Minas, segundo maior colégio eleitoral do país que hoje tem Lula na liderança. No primeiro turno, o petista angariou 48,29% dos votos, enquanto Bolsonaro teve 43,60% no estado.
Questionado sobre o uso dos equipamentos públicos na campanha, o
ministro Joaquim Leite informou, por meio de nota, que fez uma “visita técnica de rotina” ao Parque Nacional da Serra da Canastra e que “não houve participação popular tampouco fala com conotação eleitoral” na agenda.
Leite negou que o anúncio do investimento de R$ 150 milhões em plena campanha tenha relação com o período eleitoral. Sobre a carona e a presença do deputado eleito Nikolas Ferreira, afirmou que “todos participaram da visita para melhor entender o acordo de Brumadinho” e de onde vieram os recursos para o repasse aos parques.
Nikolas Ferreira disse que está “antecipando” seu trabalho como deputado federal e que uma de suas pautas é “compreender as questões ambientais do Brasil”. O vereador afirmou ainda que “não existiu nenhum ato de campanha, apenas o aprendizado de questões sensíveis para uso no meu futuro mandato federal”. Questionado sobre a carona no voo da FAB, Ferreira disse: “Não se trata de uma carona, carona pode se dar a alguém aleatório, fora de contexto, o que não é meu caso. Encaro essas situações como forma de aperfeiçoamento para meu mandato federal. O governo não terminou, enquanto ele estiver aqui, e me for oportunizada situações em que posso aprender para o bem do meu país, porque eu deveria me acomodar e ficar em casa apenas esperando minha posse, como muitos fazem?”