Bolsonaro faz piadas de cunho machista e diz que racismo “não existe da forma como falam” no Brasil

Bolsonaro faz piadas de cunho machista e diz que racismo “não existe da forma como falam” no Brasil

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Ao longo das 4h39min de participação em um podcast voltado ao público evangélico, que reuniu apresentadores de diferentes atrações, nesta segunda-feira (12), o presidente Jair Bolsonaro voltou a fazer comentários de cunho homofóbico e racista, além de novamente ter criticado a ideologia de gênero. Num deles, o titular do Palácio do Planalto disse que “não existe racismo da forma como falam” no Brasil.

O presidente deu tal declaração ao ser questionado sobre falas que minimizaram a existência de racismo no país.

Em outro momento, ao opinar a respeito do episódio em que o ex-goleiro Aranha, então no Santos, sofreu ataques racistas durante uma partida contra o Grêmio, em 2014, afirmou que o assunto foi tratado com “exagero” e de uma maneira que “não é correta”.

Tem racismo? Tem. Mas não dessa forma — afirmou, completando em outro momento: — Você lembra de um jogo de futebol? Era um goleiro do Santos, lá em Porto Alegre. Santos e Grêmio. Era o Aranha. E tinha uma loira com outro afrodescendente do lado falando a mesma coisa. Xingando a Aranha. Ela foi enquadrada como racismo. Pô, no estádio, eu sei que você não deve fazer isso. Mas do lado estava um coro criticando a Aranha que levaram a vida dessa menina pra desgraça. Não estou defendendo a menina, mas a forma como foi tratada o assunto não é o correto, é o exagero.

Na sequência, Bolsonaro foi questionado como deveriam, então, ser tratados casos como esse. Ele comparou a situação como uma espécie de brincadeira de mal gosto, embora racismo seja crime:

É quase igual apelido. Se eu chamo você de gordinho, se ficasse revoltado, ia pegar o apelido do gordinho.

Em outro momento, Bolsonaro falou que não poderia chamar o apresentador Felipe Vilela de “escurinho” porque seria crime.

Você é afrodescendente? — questionou Bolsonaro

Sou – respondeu o apresentador

Você é meio escurinho. Isso é crime, né? Falar que é escurinho – comentou Bolsonaro em tom de ironia.

Guaraná Jesus

Ao longo do programa, Bolsonaro fez duas piadas com o guaraná Jesus, de embalagem rosa, bebida tradicional do Maranhão. Ele relacionou o refrigerante a homossexualidade. Em um primeiro momento, ele reclamou que, supostamente, não podia fazer mais piadas sem ser mal interpretado e lembrou da ocasião em que comentou que ficaria “mais delicado” depois de consumir a bebida.

— Porque você olha o cuidado que eu tenho que ter. Eu estava no Maranhão uma vez pô, daí eu estava tomando um guaraná Jesus cor de rosa, eu falei pra um deputado uma besteira lá: ‘eu vou ficar mais delicado’. Tinha um cara que me gravou atrás, arrebentaram comigo. ‘O maranhense não vota mais nele’, ‘está ofendendo o Maranhão’.

Pouco tempo depois, Bolsonaro recebeu de presente dos apresentadores um guaraná Jesus. Uma delas comentou que sabia que o refrigerante era rosa, mas que, como tinha o nome Jesus, não havia problema:

— Sei que é rosa, que o senhor pode ficar, né, mas tem o nome de Jesus, então acho que valeu.

Neste momento, um dos apresentadores comenta:

— Virou purpurina.

Bolsonaro, então, depois de tomar um gole do refrigerante, começa a tocar no ombro do apresentador Téo Hayashi e a perguntar “O que você vai fazer hoje à noite? e a fazer o sinal em libras de “eu te amo”.

Banheiro unissex

Bolsonaro também voltou a falar sobre ideologia de gênero e afirmou que não gostaria que Laura, sua filha caçula, usasse o mesmo banheiro que meninos na escola.

— O meu maior patrimônio no momento é a Laura, que tem 11 anos de idade. Então, eu não quero que ela entre num banheiro na escola e tenha um moleque de quinze anos… já que nesse horário eu posso falar, né? Está lá um moleque de 15 anos balançando o piru lá porque acabou de fazer xixi na frente dela. Que o banheiro é unissex. Eu não sei o que eu vou fazer. Tá? Mas não quero isso.

Mea Culpa

Em outro trecho, Bolsonaro admitiu que “pisou na bola” quando comentou que o nascimento de sua filha caçula, Laura, teria sido uma “fraquejada” depois de ter quatro filhos e fez, novamente, uma piada machista:

Pisei na bola. Pisei na bola. É simples. É comum nós homens falarmos: vai nascer uma criança, você vai ser consumidor ou fornecedor? Brincadeira entre homens. Eu não falo mais isso para ninguém. Para mim pega.

* Folha de Pernambuco

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