Superintendente da ABIMO relata despreparo e indícios de corrupção durante gestão Pazuello na Saúde

Superintendente da ABIMO relata despreparo e indícios de corrupção durante gestão Pazuello na Saúde

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Fraccaro detalha falta de planejamento e possível corrupção na compra emergencial de itens hospitalares durante a pandemia.

Em entrevista exclusiva ao programa Nova Economia, ao GGN, o Superintendente da ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos), Paulo Fraccaro, revelou que alertou o Ministério da Saúde sobre a necessidade de seringas para o Plano Nacional de Imunização (PNI) durante o auge da pandemia de Covid-19. Porém, nada teria ocorrido.

Fraccaro detalhou a Eduardo Pazuello, em 2020, que o País não tinha a quantidade suficiente do instrumento médico para suprir a vacinação no Brasil. Na época, o então general da ativa era quem comandava a pasta da Saúde. O mesmo não teria acontecido com os ventiladores pulmonares.

“A pandemia começou em março, em final de julho nós já tínhamos dez fábricas de ventiladores. Já as fábricas de seringas começaram a dar conta totalmente das necessidades do Governo, embora o Governo naquela ocasião nunca se planejou com antecedência”, disse Fraccaro.

“Eu fui até o governo dizer para aquele Ministro da Saúde que estava, era o militar (Pazuello), e falei: ‘olha, vocês têm que se planejar, porque vocês vão precisar de seringa para o programa de vacinação’. Isso foi em setembro (de 2020), mas chegamos em dezembro sem nenhum planejamento naquele momento”, finalizou.

Durante esse período, o Presidente Jair Bolsonaro e aliados discursavam em defesa de remédios sem eficácia comprovada contra Covid, além de questionarem a necessidade e a segurança dos imunizantes.

Em outubro daquele ano, Bolsonaro declarou: “No Brasil, tomando a cloroquina, no início dos sintomas, 100% de cura”. A maior parte da comunidade científica global já dizia que o remédio não tinha eficácia.
Licitação sem oferta

O responsável pela ABIMO criticou uma licitação aberta pelo governo Bolsonaro para a compra de 300 milhões de seringas, para um prazo de 30 dias.

“É lógico que ninguém tem seringa no estoque para atender uma demanda que você nem sabe quando vai acontecer”, afirmou ao Nova Economia.

Naquele momento, com exceção da Rússia, nenhum outro país havia iniciado um ostensivo plano de vacinação contra a covid-19.

Suspeitas de corrupção

A prática de comprar equipamentos médicos em regime de urgência, o que não exige nenhuma forma de controle ou fiscalização, tem sido utilizada no Ministério da Saúde.

Além desse processo sem oferta que pudesse atender à demanda de seringas, segundo Paulo Fraccaro, dispositivos médicos foram adquiridos durante a pandemia, mas com pouca ou nenhuma utilidade.

“Eu poderia falar do meu setor, o dos dispositivos médicos: quantos ventiladores chegaram e não serviram para nada? Máscaras que não vieram, não tinham condição de filtração nenhuma, eram para outras finalidades”, falou ele.

Para Fraccaro, isso acontece quando “o Governo não se organiza e deixa para comprar nas emergências”, ou quando delega a programação às secretarias estaduais e municipais, que “muitas vezes não têm a estrutura para entender o que especificar ou que têm uma corrupção endêmica”.

*Com GGN

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