Análise Quaest: Lula cresce 1 ponto e pode vencer no primeiro turno

Análise Quaest: Lula cresce 1 ponto e pode vencer no primeiro turno

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A aparente recuperação de Bolsonaro deve ser creditada, sobretudo, ao desencanto com os candidatos da terceira via.

Mas é importante ressaltar: Lula não caiu.

Ao contrário, tanto na espontânea quanto na estimulada, Lula ganhou 1 ponto: foi para 28% na espontânea e para 45% na média da estimulada.

Nos cenários 2,4, 5 e 6, que excluem o nome de Sergio Moro, o ex-presidente Lula oscila entre 50% e 53% dos votos válidos, o que significaria vitória em primeiro turno.

Além disso, a pesquisa aponta que o eleitor de Lula está mais determinado do que antes. É possível que, a partir das próximas pesquisas, Lula seja beneficiado com o mesmo movimento que hoje beneficia Bolsonaro: o voto útil.

Da mesma maneira que o eleitor de Sergio Moro, diante da desistência do ex-juiz, ou após constatar sua inviabilidade eleitoral, tomou a decisão de votar em Bolsonaro, o mesmo pode acontecer com o eleitor de Ciro Gomes.

Nessa pesquisa, Ciro Gomes caiu.

Em março, Ciro tinha 8% nos cenários sem Moro. Em outubro do ano passado, igualmente em cenários sem Moro, chegou a 9%. Hoje tem 6% a 7%.

Com Moro, Ciro cai para 5%. 

Na espontânea, Ciro não conseguiu se descolar dos 1%. 

Na estimulada, Ciro tem apenas 4% entre eleitores de baixa renda – e igualmente não emplacou na classe média.

Se este movimento – de migração dos votos de Ciro para Lula – se acelerar nos próximos meses, aumentarão as chances do petista vencer as eleições no primeiro turno.

Bolsonaro experimentou uma alta de 3 pontos na espontânea, passando de 19% para 22%. E cresceu 5 pontos na média da estimulada, de 26% para 31%.

Bolsonaro, aparentemente, foi o principal herdeiro do colapso da terceira via, cujos votos somados desabaram de 19% para 12%.

Segundo o CEO da Quaest, o cientista político Felipe Nunes, as causas para a recuperação de Bolsonaro devem ser creditadas a dois fatores, um econômico (ou “distributivista”), e outro político. O fatgor econômico é o Auxílio Brasil, que agora, está claro, passou a influenciar o voto de muitos eleitores. Entre os que recebem o Auxílio Brasil, a imagem negativa do governo caiu de 54% para 46% no último mês, enquanto a positiva subiu de 19% para 24%.

O fator político, segundo Nunes, é o “desencanto” dos eleitores com o desempenho dos candidatos da terceira via, sentimento que parece ter se consolidado ainda mais após a saída de Moro do pleito.

Aqueles que votaram em Bolsonaro no segundo turno de 2018, e que tinham migrado para outros candidatos, voltaram a Bolsonaro. Segundo a Quaest, 63% dos eleitores de Bolsonaro em 2018 permanecem dispostos a votar novamente nele. Esse percentual chegou a cair para 46% em outubro de 2021, mas começou a subir este ano.

Entre eleitores com renda familiar até 2 salários, que correspondem a 33% do total de eleitores, o ex-presidente Lula amplia sua vantagem sobre os adversários, e chega 56% dos votos totais, ou 62% dos votos válidos.

O petista também leva vantagem, de 10 pontos, entre eleitores com renda entre 2 e 5 salários, que correspondem a 43% do eleitorado: Lula 43% X 33% Bolsonaro.

No extrato superior, com renda acima de 5 salários, que corresponde a 23% do eleitorado, há empate entre Lula e Bolsonaro, ambos com 36%. Ciro Gomes tem 8% neste segmento, Doria 2%.

Nos gráficos segmentos por região, chama atenção a hegemonia de Lula no Nordeste, onde o petista tem 64% das intenções de voto, contra apenas 18% de Bolsonaro, 5% de Ciro e virtualmente zero de outros candidatos. Ou seja, o Nordeste se tornou, definitivamente, uma fortaleza lulista inexpugnável.

Mas o petista também lidera no Sudeste e Centero Oeste, perdendo apenas no Norte e no Sul.

O Sul – que corresponde a apenas 8% do eleitorado, contra 27% do Nordeste e 44% do Sudeste – é, por sua vez, a região onde Bolsonaro tem seu melhor desempenho, chegando a 44% dos votos, contra 32% de Lula e 10% de Ciro.

Na divisão por escolaridade, Lula ganha em todos os segmentos. Entre eleitores que tem até o ensino fundamental, que compõem 39% do eleitorado, o petista tem 61% dos votos totais, contra 20% de Bolsonaro, 4% de Ciro Gomes, 2% de Janones e 1% de Dória.

A Quaest traz outros gráficos interessantes, e que ajudam a entender tendências do eleitorado. Por exemplo, segundo a pesquisa, o eleitorado está cristalizando sua opinião: para 64%, ela agora é definitiva, contra 59% em março e 58% em fevereiro.

Esse nível de decisão é maior entre eleitores que desejam a vitória de Lula, entre os quais 76% responderam que sua opinião é “definitiva”, contra 69% entre aqueles que preferem Bolsonaro. O grau de decisão entre eleitores hostis à polarização é bem menor: apenas 33% disseram que sua decisão é definitiva.

Os cenários de segundo turno ainda mostram uma vitória relativamente folgada de Lula sobre todos os seus adversários.

Lula venceria Bolsonaro com 21 pontos de diferença, 55% X 34%. Numa disputa com Ciro Gomes, a vantagem de Lula seria de 33 pontos, 55% x 22%.

Na evolução dos cenários de segundo turno, Lula mantém uma vantagem de 20 pontos desde o início do histórico.

A pesquisa também apurou o grau de rejeição eleitoral dos principais candidatos. Lula tem a menor rejeição, 46%. O candidato do PSDB, João Dória, é o mais rejeitado de todos, com 63%, segudo de Bolsonaro, com 61% e Ciro Gomes, com 58%.

Entretanto, a pesquisa traz alguns dados que apontam para uma deterioração das expectativas, o que pode prejudicar o presidente Bolsonaro ao longo dos próximos meses. Para 59% dos entrevistados, a “capacidade de pagar as próprias contas” piorou em abril.

A Quaest é uma pesquisa presencial patrocinada pelo banco Genial Investimento. Esta edição de abril custou R$ 268.742,48, segundo informado ao TSE.

* O Cafezinho

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