Flávio Bolsonaro defende Elon Musk e afirma, sem apresentar provas, que TSE favoreceu eleição de Lula

Flávio Bolsonaro defende Elon Musk e afirma, sem apresentar provas, que TSE favoreceu eleição de Lula

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Ele também defendeu arquivamento do inquérito das fake news e negou que seu pai, ex-presidente Jair Bolsonaro, tenha tentado golpe.

Em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, o senador Flávio Bolsonaro (PL) defendeu o bilionário Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter), criticou o Judiciário, sobretudo o ministro Alexandre de Moraes, e afirmou, sem apresentar provas, que o processo eleitoral de 2022 foi manipulado para favorecer o presidente Lula. Ele também defendeu o arquivamento do inquérito das fake news e negou que seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, tenha tentado um golpe para permanecer no poder após a derrota, como apontam as investigações da Polícia Federal.

O senador saiu em defesa de Musk, que vem travando um embate com Moraes. No domingo, o ministro determinou que Musk seja investigado por obstrução à Justiça, inclusive em organização criminosa, e incitação ao crime, após o bilionário anunciar que retiraria todas as restrições de contas no X determinadas pelo Judiciário brasileiro. Até o momento, Musk não cumpriu a ameaça, mas usou a rede social, enquanto a entrevista acontecia, para atacar o ministro e pedir seu impeachment, chamando-o de ditador e acusando-o de ter favorecido a eleição de Lula.

Para Flávio Bolsonaro, Musk não cometeu crime algum e não deveria ser investigado. “Uma cidadão americano, uma empresa privada, do meu ponto de vista, não cometeu crime nenhum, apenas falou, se posicionou, fez uma pergunta ao ministro que usa a rede social dele. O Elon Musk não tem foro por prerrogativa de função, está tudo errado. O ministro toma mais uma vez uma decisão monocrática, antes que qualquer ato fosse cometido, já incluindo Musk no inquérito”, disse.

O senador comparou o Brasil à Venezuela, dizendo que o país pode sofrer sanções por não ser democrático. Mesmo o Brasil tendo passado recentemente por eleições consideradas justas e limpas, Flávio sugeriu que, se eleito nos Estados Unidos, Donald Trump pode adotar sanções contra o Brasil, como fez contra a Venezuela, por entender que a atuação do STF atualmente faz com que o país não tenha uma democracia. Ele ainda mencionou a proximidade entre Trump e Musk para reforçar a sugestão, segundo o Uol.

Apesar de criticar Moraes, o senador disse que seu impeachment “não é o caminho certo”. Para ele, o episódio com Musk é uma chance para o STF (Supremo Tribunal Federal) “voltar à normalidade”, arquivar inquéritos como o das milícias digitais.

“Não acho que pedir impeachment de ministro do STF seja o mais adequado. Defendo autorregulação do Supremo. E essa é uma ótima oportunidade”, disse.

Ameaças a ministros do STF
Flávio negou que os Bolsonaro e seus apoiadores tenham qualquer papel nos ataques sofridos por ministros do STF. “Não é culpa do Bolsonaro, o ódio sofrido pelos ministros (…) Você não pode atribuir isso ao bolsonarismo”, disse. Bolsonaro, aliados e apoiadores, porém, fizeram sucessivos ataques aos ministros, sobretudo a Moraes, e à Corte. No 7 de setembro de 2021, por exemplo, o então presidente chamou Moraes de “canalha” e disse que não cumpriria mais suas decisões.

Ataques ao processo eleitoral
Flávio atribuiu derrota do pai a interferências no processo eleitoral. Ao dizer que seu pai é honesto e está sendo bem recebido no Brasil todo, foi questionado sobre o porquê de ele ter perdido as eleições, se seu governo foi tão bom. O senador respondeu, sem apresentar provas, que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) favoreceu Lula. “O que o TSE fez antes, durante e depois das eleições, ficou muito claro para todo mundo que ele pesou muito mais a favor de um lado do que do outro”, disse.

Ao longo da entrevista, Flávio disse algumas vezes que não entraria na questão dos ataques às urnas eletrônicas, mas acabou colocando o sistema em dúvida repetidas vezes. Disse que “os brasileiros têm dúvidas” sobre a lisura do processo, sem mencionar que o próprio Bolsonaro e seus aliados passaram anos atacando as urnas, sem conseguir provar qualquer interferência no processo eleitoral. As urnas são auditadas junto a outros órgãos federais, incluindo as Forças Armadas.

“Desconfiança das urnas é só em casos pontuais, tipo para a Presidência”, disse o senador. Ele havia sido questionado sobre a incongruência de pôr em xeque um sistema que o elegeu diversas vezes, assim como a seu pai e seus irmãos.

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