O desmonte por trás da parceria de “inovação” entre Tarcísio e o Google

O desmonte por trás da parceria de “inovação” entre Tarcísio e o Google

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O desmonte por trás da parceria de “inovação” entre Tarcísio e o Google.

Segundo SINTPq, iniciativa que entregou prédio histórico do Instituto de Pesquisas Tecnológicas a BigTech é “privatização disfarçada”

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou com entusiasmo uma “parceria estratégica” com o Google “para impulsionar inovação no estado”, em uma solenidade no Palácio dos Bandeirantes, no dia 21 de fevereiro. Contudo, o Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia (SINTPq) alerta que a ação tem como plano de fundo a submissão do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) à gigante das buscas.

Um dos pontos altos da parceria prevê a criação do segundo “centro de engenharia” do Google no Brasil, que deve ser construído no campus do IPT, localizado na Cidade Universitária. Com isso, supostos 400 funcionários da BigTech devem ocupar o prédio 1 da entidade, o edifício histórico “Adriano Marchini”. Para isso, foi autorizada a transferência da biblioteca do IPT para outro local.

Segundo a avaliação do SINTPq, esse e outros pontos do acordo levantam dúvidas sobre os reais impactos positivos da parceria, que “parece mais uma privatização disfarçada do instituto público de pesquisas”.

“A reforma desse prédio para acomodar os interesses da Google levanta questionamentos sobre os verdadeiros benefícios para a instituição. O investimento anunciado pela Google não se reverte em melhorias para o IPT, mas na valorização imobiliária para a multinacional”, afirma Priscila Leal, diretora do SINTPq.

Leal destaca que o prédio escolhido para sediar o centro de engenharia da Google é “parte fundamental do patrimônio histórico do instituto, tendo abrigado importantes laboratórios de pesquisa que contribuíram significativamente para o desenvolvimento industrial brasileiro”. Sendo assim, “a iniciativa é um contraponto ao discurso oficial de desenvolvimento, sendo na verdade um ato de submissão aos interesses do capital estrangeiro e das grandes empresas de tecnologia”, alerta.

A expectativa é que o centro de engenharia da Google comece a operar em 2026. Para o sindicato, “essa data representa não apenas o início de uma nova fase para o IPT, mas também o aprofundamento de um processo de desmonte que ameaça a própria existência e relevância do instituto na cena científica e tecnológica nacional”.

Na esteira da concessão da sede do IPT, o sindicato também contesta a promessa de que a Google deve apresentar soluções inovadoras ao setor, uma vez que investimentos em Ciência e Tecnologia são prioritariamente financiados pelo Estado.

“A parceria com a Google não apenas ignora essa premissa básica, mas também não se traduz em benefícios concretos para a instituição de pesquisa (…) É sempre uma dificuldade muito grande conseguir aprovação para realização de concurso público. O último grande concurso foi fruto de denúncia do Sindicato ao Ministério Público sobre a terceirização da atividade fim, e já se vai mais de uma década. Enquanto isso, o governo de São Paulo entrega o IPT para iniciativa privada, sob o pretexto da lei paulista de inovação. O IPT vem abrigando diversas empresas em seu campus, inclusive uma universidade foi instalada lá. Agora é a vez da Google entrar pela porta da frente e ocupar um patrimônio histórico dentro do IPT”, completa Leal.

*GGN

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