Em sua delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid expôs o racha vivido pela família Bolsonaro após a derrota nas urnas para Lula.
Cid deu nomes da ala que instigava o ex-presidente a dar o golpe e apontou o deputado federal Eduardo Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle como membros desse grupo. A revelação foi feita pelo repórter do “UOL” Aguirre Talento.
O ex-ajudante de ordens da Presidência também informou quem atuava como “bombeiro” e destacou o desempenho dos senador Flávio Bolsonaro e do ex-ministro da Casa Civil Ciro Nogueira nessa frente, diz Bela Megale, O Globo.
Na delação, Cid revela que ambos defendiam que Bolsonaro fizesse um discurso sobre o resultado das eleições e pedisse que manifestantes a favor do golpe deixassem as ruas.
Ex-membros do governo Bolsonaro confirmaram a versão relatada por Cid. Dois ex-ministros contaram à coluna que Flávio, junto à ala política do governo, insistia para que Bolsonaro fizesse um discurso amplo, valorizando seus 58 milhões de eleitores e seu legado.
Os relatos dos ex-integrantes do Palácio do Planalto apontam que o deputado federal Eduardo Bolsonaro atuou em direção oposta. O filho 02 estimulou o silêncio do pai e defendeu os bloqueios antidemocráticos realizados por apoiadores nas estradas e os acampamentos em frente aos quartéis. Eduardo também estimulava dúvidas sobre o resultado das eleições no pronunciamento de Jair Bolsonaro, quando ele decidisse falar.
O primeiro pronunciamento de Bolsonaro só veio 45 horas após a sua derrota nas urnas. A fala do ex-presidente foi resultado de uma ação intensa ente Flávio e Ciro Nogueira, que insistiram junto ao então presidente na importância de fazer uma manifestação.
Para não entrar em confronto direto com o irmão Eduardo, que defendia que o pai fizesse críticas abertas ao Judiciário, questionasse o resultado das eleições e estimulasse protestos, Flávio escalou o ex-ministro da Casa Civil. Ciro foi incumbido de fazer articulações e investidas junto a Bolsonaro para desencorajar confrontos.