Posse de Lula é recado para a direita – não adianta lutar contra a História

Posse de Lula é recado para a direita – não adianta lutar contra a História

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O dia 1 de Janeiro de 2023 marca um momento histórico e virtuoso no Brasil. O ex-metalúrgico, retirante nordestino e líder sindical retorna ao poder executivo do Brasil pela terceira vez. Mas este não é um momento qualquer.

Lula retorna ao poder em circunstâncias absurdamente improváveis após anos de enorme perseguição e repressão política no país. A campanha midiática contra Lula também não é um fenômeno circunscrito aos anos da Operação Golpe de Estado (Lava Jato) e sim um fenômeno duradouro iniciado já nas greves operárias do Grande ABC em finais da década de 1970. Lula e o movimento operário brasileiro que se ergueu ao final do governo do general Ernesto Geisel e início do governo Figueiredo é considerado pela maioria dos historiadores como fator preponderante para o desgaste derradeiro do regime militar brasileiro.

Não se realiza um levante de tamanha envergadura sem atrair em torno de si uma enorme operação de difamação e desinformação organizada pelo grande Capital que dispõe de recursos em abundância para criar superestruturas ideológicas em defesa dos seus interesses mesquinhos e nem um pouco republicanos.

O ápice dessa campanha de perseguição política ganhou contornos inéditos a partir das Jornadas de Junho de 2013 quando tanto elites oligárquicas locais quanto internacionais estabeleceram que o enfraquecimento político e econômico de um país emergente como o Brasil era uma necessidade face os efeitos expandidos da grave crise dos Subprimes que abalou economias monopolistas em 2008. A Crise de 2008 foi uma expressão significativa de um grave aprofundamento da já duradoura Crise Histórica do Capital iniciada a partir dos choques do Petróleo na década de 1970. Países emergentes com lideranças populares significavam para a elite política e econômica global uma ameaça. Deixados estes governos à vontade e o poder da propriedade e dos monopólios internacionais estariam em risco. Não é a toa que diversos países do Mundo sofreram crises internas que brotaram a partir de inovadoras estratégias de Golpes de Estado teorizadas pelo Pentágono, estratégias conhecidas como “Guerras Híbridas”:  manobras não convencionais de se alcançar objetivos políticos sem que fique explícito o caráter ilegal e repressivo da operação. A Guerra Híbrida conta com uma articulação de vetores combinados como imprensa, sistema de Justiça, militares, empresários, instituições religiosas e redes sociais.

As Guerras Híbridas enquanto nova doutrina da política externa norte-americana endereçou conflitos e câmbios de regimes em diversos cantos do Planeta desde América do Sul, passando por Europa, África, Ásia e até Oceania. Nos anos subsequentes a 2013 não somente o governo do PT então liderado por Dilma Rousseff foi alvo de um processo de Impeachment fraudulento como o grande nome político da classe trabalhadora brasileira Luís Inácio Lula da Silva sofreu uma enorme cruzada que culminou com sua prisão ilegal e interdição nas Eleições de 2018. Era necessário para os poderes em ofensiva posicionar Bolsonaro ou outro líder capaz de dar sequência à interdição da esquerda e dos trabalhadores, reestabelecer uma nova legislação profundamente predatória contra direitos consagrados dos trabalhadores e o sucateamento e venda de patrimônios públicos para os tubarões do Capital.

No Brasil a Operação nunca se estabilizou por completo. A Operação Lava Jato e a Guerra Híbrida contava com a possibilidade de pacificar o país antes que se perdesse o controle de tudo e a polarização que se seguiu não permitiu que a página do Golpe de 2016 fosse virada.

A posse de Lula em 1 de Janeiro de 2023 marca em definitivo uma nova etapa virtuosa da História do Brasil. A Direita foi obrigada a recuar diante da agitação das massas que, mesmo diante de tentativas de se comprar votos e ameaçar eleitores utilizando-se de amplo aparato de Estado, não foi capaz de impedir o retorno do líder dos trabalhadores. Este fato prova em definitivo que as leis sociais da História apontadas por Karl Marx e Friedrich Engels no século XIX estão ainda intactas. Não adianta lutar contra as leis sociais da História.

A vitória de Lula é uma vitória pedagógica, uma vitória em que o povo brasileiro percebeu e entendeu claramente a luta que se trava no país – a luta dos interesses de uma minoria economicamente poderosa contra uma maioria esmagadora assalariada. As leis sociais da História são incontornáveis. A luta de classes está mais viva do que nunca!

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