MST e MTST dão o troco e acusam Bolsonaro de incitar terrorismo no país

MST e MTST dão o troco e acusam Bolsonaro de incitar terrorismo no país

Compartilhe

Tachados de “terroristas” durante anos pelo presidente da República, movimentos sociais estão dando o troco após seguidores radicais de Jair Bolsonaro colocarem uma bomba em um caminhão de combustível para causar uma tragédia no Aeroporto de Brasília na véspera de Natal.

Bolsonaro chamou o MTST e o MST de terroristas. Hoje, vemos quem são os terroristas”, afirmou à coluna o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e deputado federal eleito Guilherme Boulos (PSOL-SP). “É ele o chefe do terrorismo doméstico.”

A avaliação é semelhante à de João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. “Às vésperas da eleição de 2018, ele prometeu acabar com o MST e o MTST, dizendo que praticávamos terrorismo. Quatro anos depois, a história comprova que o terrorismo é o bolsonarismo em sua essência”, avalia.

Em seu programa de governo de 2018, o então candidato prometeu “tipificar como terrorismo” as ocupações de imóveis rurais e urbanos – parte das ações de movimentos de luta pela terra e por moradia, mas também dos povos indígenas e populações tradicionais que reivindicam seus territórios.

Após eleito, Jair ampliou o leque e passou a chamar críticos ao seu governo de “terroristas”. Por exemplo, no dia 2 de junho de 2020, após manifestações pró-democracia organizadas por torcidas de futebol que se colocam contra o fascismo, ele usou esse termo para se referir ao grupo.

“São marginais, no meu entender, terroristas. Têm ameaçado, domingo, fazer movimentos pelo Brasil, em especial, aqui no DF”, disse. “Não podemos deixar que o Brasil se transforme no que foi há pouco tempo o Chile. Não podemos admitir isso daí. Isso não é democracia nem liberdade de expressão. Isso, no meu entender, é terrorismo.”

E ameaçou: “A gente espera que este movimento não cresça, porque o que a gente menos quer é entrar em confronto com quem quer que seja”. A declaração ecoou outras que já haviam sido dadas por ele, por seus aliados e pelo ministro da Economia. Em novembro de 2019, diante de protestos de rua no Chile, Paulo Guedes afirmou: “Não se assustem então se alguém pedir o AI-5”.

Desde que a bomba foi descoberta e o paraense George Washington Sousa confessou ter bolado o plano com outros bolsonaristas do acampamento golpista na frente do quartel-general do Exército, Bolsonaro vem sendo criticado por se calar diante do terrorismo.

“Estes anos mostraram que a grande arma dos movimentos do campo e da cidade é o combate à fome, que cresceu sob Bolsonaro. Enquanto isso, vimos que as grandes armas deles são a bomba, a pistola e o fuzil”, afirma João Paulo Rodrigues. “Vão pagar por essas ações terroristas contra o povo brasileiro.”

Boulos vai na mesma linha. “Bolsonaro prometeu que ia acabar com o MTST e o MST, mas estamos vivos e fortes”, diz. “Elegemos o Lula e o deputado mais votado de São Paulo. E ele hoje está embaixo da cama com medo de ser preso.”

Ambas as lideranças defendem que os atos violentos dos seguidores do presidente não serão um empecilho para a posse de Lula, nem vão amedrontar a população que irá a Brasília. Afirmam que os movimentos estarão presentes na capital federal no Primeiro de Janeiro.

*Leonardo Sakamoto/Uol

Compartilhe

%d blogueiros gostam disto: