Em nova onda de Covid, Europa esquece quarentenas e decide conviver com o vírus

Em nova onda de Covid, Europa esquece quarentenas e decide conviver com o vírus

Compartilhe

Sem máscara nem distanciamento, público e autoridades optaram por confiar na vacinação e em infecções passadas para eliminar as subvariantes da Ômicron, diz O Globo.

Os clientes de uma livraria de Roma não prestam mais atenção aos adesivos circulares no chão instruindo-os a eliminar a Covid-19 mantendo “uma distância de pelo menos um metro”.

— São coisas do passado — afirmou Silvia Giuliano, 45, que não usava máscara enquanto folheava livros de bolso.

Ela comparou os sinais vermelhos que tinham o formato do coronavírus a “tijolos do Muro de Berlim”.

Por toda a Europa, adesivos, placas e outdoors desbotados permanecem como resquícios fantasmagóricos de lutas passadas contra a Covid-19. Mas, enquanto os vestígios dos dias mais mortais da pandemia estão por toda parte, o vírus também está.

Um refrão ouvido em Europa é que todos têm Covid, pois a subvariante ômicron BA.5 alimenta uma explosão de casos em todo o continente. Os governos, no entanto, não estão reprimindo a circulação de pessoas, incluindo em nações anteriormente mais rigorosas. Em grande parte porque não há um aumento significativo de casos graves, nem unidades de terapia intensiva lotadas ou ondas de morte. E os europeus concluíram claramente que precisam conviver com o vírus.

Assentos com placas desbotadas pedindo aos passageiros do metrô de Paris para manter aquele local livre quase sempre são ocupados. Multidões de alemães sem máscaras passam por placas desgastadas em lojas e restaurantes que dizem “Maskenpflicht” (exigência de máscara). Em uma loja de materiais de construção ao norte de Madri, o caixa percorre os corredores sem máscara antes de se sentar atrás de uma vitrine de acrílico. Em um dia recente no Caffè Sicilia, em Noto, na Sicília, os pés de três pessoas diferentes compartilhavam um único círculo de “Mantenha distância segura” enquanto seus donos clamavam por um cannoli.

E muitas pessoas estão viajando novamente, tanto dentro da Europa quanto fora de suas fronteiras, trazendo dinheiro muito necessário para países desesperados para fortalecer suas economias.

— Assim são as coisas — comentou Andrea Crisanti, professor de Microbiologia que atuou como consultor de líderes italianos durante a emergência do coronavírus.

Segundo ele, um lado positivo foi que as infecções deste verão no Hemisfério Norte criaram mais imunidade para os meses de inverno, tradicionalmente mais difíceis. Mas deixar o vírus circular em níveis tão altos, disse ele, também cria um “dever moral” para os governos de proteger os idosos e vulneráveis ​​que permanecem sob risco de doenças graves apesar da vacinação.

— É necessário mudar nosso paradigma. Não acho que as medidas destinadas a reduzir a transmissão tenham futuro — afirmou Crisanti, listando motivos como esgotamento social com restrições, maior aceitação do risco e a biologia de um vírus que se tornou tão infeccioso o ponto de que “não há nada que possa parar isso”.

Esse parece ser o caso em toda a Europa, onde as autoridades se consolam com a incidência aparentemente baixa de doenças graves e mortes, ainda que alguns especialistas se preocupem com o número de pessoas vulneráveis, com a possibilidade de que a infecção de rotina possa levar a uma Covid longa e com aumento do potencial de mutações que levem a versões mais perigosas do vírus.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

%d blogueiros gostam disto: