A teoria defendida pela ministra Tereza Cristina, Bolsonaro e até mesmo o ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, é até prosaica demais para ser verdade. Funciona assim, ao comer capim seco e inflamável, segundo eles, o boi acabaria prevenindo o avanço do fogo.
Para corroborar para essa argumentação, Tereza Cristina defende que a quantidade de bois no Pantanal caiu, ao longo dos anos e os campos de pastagens foram reduzidos. Nesse sentido, ela está completamente equivocada, de 1999 até o momento, as áreas de pastagens e a quantidade de cabeças de boi aumentaram consideravelmente (Leia aqui).
A outra teoria pateta dessa turma, é que a proibição de queimadas controladas ampliou a quantidade de resíduos orgânicos secos e, portanto, muita mais inflamáveis. Outra baboseira.
Na verdade, um dos principais motivos para os incêndios é o clima: o Pantanal vive a pior seca dos últimos 60 anos, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
As queimadas no Pantanal neste ano são consideradas as piores em décadas. Cerca de 15% da área do bioma já foi consumida pelo fogo até agora. A labaredas já destruíram uma área de 2,3 milhões de hectares no bioma — o equivalente ao Estado de Sergipe, ou quatro vezes a área do Distrito Federal.
Para além do tal “fogo frio” que o governo defende ser o real motivo para dos dados elevadíssimos de queimadas, reside um problema grave, o agronegócio predador e destrutivo.
Este governo carece de capacidade intelectual suficiente para compreender que o bioma brasileiro constitui uma riqueza inexorável e sofisticada, capaz de gerar renda, tanto quanto, ou mais, que o agronegócio. A questão é que a riqueza oriunda da preservação do meio ambiente não é concentrada nas mãos de banqueiros investidores, ou grandes latifundiários, é distribuída.
Como se trata de um governo perverso, que chegou ao poder pelo discurso anti-sistêmico, o resultado só poderia ser a propagação de imbecilidades dirigidas e propositais. São explicações estapafúrdias que falam muito bem ao senso comum, mas, não resistem a cinco minutos de ciência.
O governo Bolsonaro, como um todo, é tão lastimável quanto o boi bombeiro. Aliás, chifres não faltam.