Com o objetivo de aumentar o índice de respostas ao Censo 2022 em comunidades e periferias do país, de maneira que a pesquisa reflita melhor a realidade brasileira, a Central Única das Favelas (Cufa), o Data Favela e o Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) firmaram uma parceria cuja primeira mobilização acontece neste sábado (25) no Rio de Janeiro.
Segundo dados colhidos até o momento pelo Censo do IBGE, cerca de 9% dos moradores de favelas do Rio não responderam aos recenseadores, situação que pode estar presente em outras comunidades pelo país e que afeta o resultado final do levantamento. O fato de boa parte dos moradores passarem a maior parte do dia no trabalho, dificuldades relativas à localização das casas e mesmo a resistência de parte dos moradores estão entre alguns dos obstáculos encontrados.
A iniciativa, chamada “Favela no Mapa”, vai reunir moradores e lideranças locais para ajudar no convencimento daqueles que ainda não responderam a receberem os recenseadores, bem como ajudarão estes a se localizarem nas comunidades, que muitas vezes não dispõem de endereçamento adequado.
Até o momento, 92% dos brasileiros responderam ao Censo, que está em sua fase final após corte de recursos e muitas idas e vindas ainda no governo de Jair Bolsonaro (PL).
“Vamos entrar junto com o IBGE em algumas favelas do Rio de Janeiro e do Brasil, como guias dos recenseadores, para que a gente consiga aumentar nosso número de respostas e faça ainda melhor a capacidade de reunir essas informações para que a gente crie novas políticas públicas para nossas favelas do Rio de Janeiro”, disse ao G1 o diretor do Data Favela, Marcus Vinícius Athayde.
Em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, Cimar Azeredo Pereira, presidente do IBGE, Preto Zezé, presidente da Cufa e Renato Meirelles fundador do Instituto Data Favela e presidente do Instituto Locomotiva, apontaram que “um contingente entre 16 e 18 milhões de brasileiros, que equivaleria ao terceiro ou quarto estado do país, mora em favelas e comunidades nem sempre acessíveis aos recenseadores. E, no Censo, todos e cada um contam”.
Agora, concluíram, “as portas das comunidades serão também abertas pela rede de lideranças e ativistas sociais que vivem, de dentro, a realidade destes lugares. Ao longo dos próximos dias, os recenseadores do IBGE estarão acompanhados de representantes da Cufa e do Data Favela para garantir o avanço do Censo 2022, refletindo a realidade das comunidades da melhor forma possível”.
* Vermelho