Após pressão, Canadá anuncia fim da colaboração militar com Israel

Após pressão, Canadá anuncia fim da colaboração militar com Israel

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O governo canadense anunciou nesta quarta-feira (20/03) que planeja implementar uma medida para interromper o envio de armas a Israel.

A ideia do governo de Justin Trudeau é implementar uma resolução não vinculativa aprovada pela Câmara dos Comuns, o Parlamento do país, pedindo o fim de “mais autorizações e transferências de armas” para Israel.

Além disso, a medida visa garantir o cumprimento do regime de exportação de armas do Canadá e aumentar os esforços para impedir o comércio ilícito, inclusive para o Hamas.

O fim da colaboração foi anunciado pela ministra das Relações Exteriores do Canadá, Melanie Joy, durante entrevista ao jornal Toronto Star.

Para o senador norte-americano Bernie Sandes o Parlamento Canadense “votou pelo fim da venda de armas a Israel” e “tem toda a razão em fazer isso”. “Dada a catástrofe humanitária em Gaza, os Estados Unidos não deveriam fornecer nem um dinheiro à máquina de guerra de Netanyahu”, concluiu o democrata.

A decisão, por outro lado, foi criticada pelo chanceler de Israel, Israel Katz, em seu perfil no X (antigo Twitter). “É lamentável que o governo canadense esteja tomando uma medida que mina o direito de Israel à autodefesa contra os terroristas do Hamas”, escreveu ele.

De acordo com Katz, “a história julgará duramente a ação atual do Canadá”, enquanto que “Israel continuará a lutar até que o Hamas seja destruído e todos os reféns sejam levados para casa”.

Retoricamente, Justin Trudeau chegou a apoiar o “direito de se defender” de Israel.

Cooperação militar Canadá-Israel
No final de outubro de 2023, o Canadá absteve-se de uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas que apelava à “proteção dos civis e ao cumprimento das obrigações legais e humanitárias”, apesar do apoio de 120 países. Em uma demonstração de apoio mais tangível, após o ataque do Hamas em 07 de outubro, a Força Aérea Canadense transportou 30 reservistas israelenses de volta ao país para irem ao front.
Já em novembro, o Centro Internacional de Justiça para a Palestina notificou os principais políticos do Canadá, incluindo o priemiê, a chanceler Joly, a ministra da Receita Nacional, Marie-Claude Bibeau, e o ministro da Justiça, Arif Virani, de cumplicidade nos crimes de guerra de Israel em Gaza. O alerta sugere responsabilidade e a perspectiva de enfrentar acusações perante o Tribunal Penal Internacional (TPI).
Por sua vez, os militares canadenses mantêm laços com os seus homólogos israelenses através do “Five Eyes” e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Bilateralmente, ambas as nações mantêm adidos militares, com altos funcionários realizando visitas regulares.A Força Aérea Israelense treina no Canadá, e as tropas canadenses que treinam as forças de segurança da Autoridade Palestina na Cisjordânia têm trabalhado em coordenação com os seus homólogos israelenses durante 15 anos. Apesar de não terem uma fronteira compartilhada, países têm um acordo de “gestão e segurança de fronteiras”.
Nos últimos anos, o Canadá exportou anualmente pouco mais de 20 milhões de dólares em armas para Israel. Apesar disso, o governo canadense é signatário do Tratado de Comércio de Armas da ONU, que visa restringir o fluxo de armas para zonas de conflito e impedir a sua utilização por violadores dos direitos humanos.

O firme defensor de Israel
Em 2020, Ottawa instou o TPI a suspender a investigação sobre os crimes de guerra israelenses, afirmando que não reconhecia a jurisdição do Tribunal sobre a Palestina. A carta sugeria que o Canadá poderia retirar o seu financiamento se o órgão prosseguisse uma investigação dos casos.

Além disso, o governo Trudeau entrou com uma ação anos atrás para barrar a rotulagem correta de vinhos de assentamentos ilegais na Palestina. Entretanto, expandiu o acordo de comércio livre Canadá-Israel, proporcionando o estatuto de isenção de impostos aos produtos produzidos em colonatos ilegais na Cisjordânia.

Desde que tomou posse em 2015, o governo Trudeau votou consistentemente contra quase uma centena de resoluções da ONU que, em muitos casos, dizia respeito a defesa dos direitos palestinos.

*Opera Mundi

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