Depoimento de Freire Gomes traz robustez a ação contra Bolsonaro, mas não será pá de cal na extrema-direita

Depoimento de Freire Gomes traz robustez a ação contra Bolsonaro, mas não será pá de cal na extrema-direita

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Comandantes do Exército têm excelente formação e, por isso, não aderiram ao golpe. Mas apoiadores do mito mantém poder de produção ideológica.

Na última sexta-feira (1º), o ex-comandante do Exército e general da reserva Marco Antônio Freire Gomes revelou durante depoimento à Polícia Federal que teve acesso a duas versões da “minuta do golpe” planejado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados.

Circula na mídia as informações de que a oitiva foi considerada consistente e reveladora pelos investigadores da PF e que seria até “um tiro de misericórdia” no ex-presidente da República.

Para comentar o assunto, o jornalista Luís Nassif recebeu o advogado criminalista Cezar Bitencourt e o doutor em Filosofia do Direito Victor Barau no programa TVGGN 20H, desta terça-feira (5). [Assista abaixo]

Na avaliação de Bitencourt, o Brasil tem uma dívida com o general Freire Gomes. “Ele era comandante do Exército e por que não aconteceu o golpe? Porque o comandante do Exército não aderiu. Disse: ‘Não, nessa furada eu não entro’. Então, me parece que a gente deve muito a esse senhor.”

Um dos principais motivos, de acordo com o criminalista, para que o alto escalão do Exército não aderisse ao golpe foi a formação acadêmica “extraordinária” dos militares, uma vez que muitos são mestres e doutores com formação no exterior e, por isso, conhecem a imagem do Brasil em outros países.

“Eles têm conhecimento e consciência de como a Europa e os Estados Unidos veem o Brasil na atualidade. O Brasil é uma potência econômica, é uma potência muito grande e tem uma representatividade muito grande”, observa Bitencourt. “Golpe militar só acontece em republiquetas e nós não temos mais esse tamanho”, emenda.

Democracia sob ameaça
Já o doutor em Filosofia do Direito Victor Barau atribuiu a suposta “traição de Freire Gomes” às disputas internas das Forças Armadas.

“O fato de ele estar depondo e expondo toda a minuta do golpe, toda a intencionalidade do golpe, em um primeiro momento pode fazer uma leitura disso como se fosse uma traição, a gente está falando de pessoas que estão dentro do mesmo grupo que deu suporte tanto ao golpe da Dilma Rousseff (PT) em 2016, quanto ao próprio suporte político da eleição do nosso ex-mandatário”, observa o filósofo.

Porém, o depoimento traz robustez às denúncias contra o ex-presidente da República e contribui com a construção da legitimidade das denúncias.

Barau não acredita, de maneira alguma, que o inquérito seja a pá de cal que traria de volta a estabilidade política que se almeja para o Brasil.

“Isso não me traz tranquilidade, mesmo que haja uma denúncia contra todos os denunciados agora da Operação Tempus Veritatis, isso não garante segurança alguma em relação ao processo democrático do futuro do Brasil. Pelo contrário, isso me traz uma enorme preocupação”, continua o filósofo.

*GGN

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