Brasil deve liderar solução pacífica para conflito entre Guiana e Venezuela, diz presidente do país ameaçado de invasão

Brasil deve liderar solução pacífica para conflito entre Guiana e Venezuela, diz presidente do país ameaçado de invasão

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O presidente da Guiana, Irfaan Ali, espera que o Brasil assuma uma postura de liderança na busca por uma solução pacífica para o conflito territorial entre seu país e a Venezuela. Em entrevista ao G1, ele elogiou o papel do Brasil como um campeão de estabilidade na região e disse confiar no apoio do governo brasileiro à sua causa.

A tensão entre Guiana e Venezuela aumentou após o referendo realizado na Venezuela nesse último fim de semana, que aprovou a anexação de uma parte do território guianês conhecida como Guiana Essequiba. A área, rica em petróleo e minerais, é reivindicada pela Venezuela desde o século 19, mas foi reconhecida como parte da Guiana pela Corte Internacional de Justiça (CIJ) em 2020.

“Nós esperamos que o Brasil tenha um papel de liderança, um papel significativo em garantir que essa região se mantenha. O que a Guiana quer, a única ambição da Guiana é que essa região se mantenha uma região de paz e estabilidade, onde todos nós podemos coexistir em harmonia”, afirmou Ali.

O presidente guianês destacou a comunicação que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes do referendo e a equipe enviada pelo Brasil para dialogar com o presidente venezuelano Nicolás Maduro. Ele disse que o Brasil tomou medidas para garantir seu território e que não se preocupa com a boa relação entre Brasil e Venezuela.

“Como você sabe, antes do referendo eu tive uma ligação com o Presidente Lula. O presidente Lula e o governo brasileiro mandaram uma equipe de enviados para a Venezuela para conversar com o presidente Maduro. Nós vemos o governo brasileiro tomando medidas para garantir seu território”, declarou.

Ele também ressaltou que recebeu a garantia de Lula e do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, de que a Venezuela agirá conforme a lei e respeitará a decisão da Corte Internacional de Justiça. Ele disse que espera que a Venezuela reconheça a soberania da Guiana e que ambos os países possam ter uma relação de cooperação e desenvolvimento

“O Brasil tem uma boa relação conosco também e nós esperamos que a Venezuela aja com princípio. Nós conversamos com o presidente Lula e com o ministro do exterior (Mauro Vieira) e os dois garantiram que a Venezuela estará do lado certo da lei … Então, nós temos confiança de que o Brasil vai agir de maneira responsável, de maneira que seja condizente de um país que mostra maturidade e liderança”, disse.

Questionado sobre a possibilidade de uma invasão militar por parte da Venezuela, Irfaan Ali destacou a imprevisibilidade venezuelana como principal dificuldade.

“Eles mandaram um recado à Corte Internacional de Justiça de que não estão preocupados com uma ordem internacional e com a ordem da Corte. Ao lidar com um estado como esse, você tem que garantir que está do lado da cautela, você tem que garantir que tem todos os sistemas no lugar para qualquer eventualidade, porque não há racionalidade, não há comportamento racional”, argumentou Irfaan Ali.

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