O Hamas e os conflitos entre Palestina e Israel ao longo da história; entenda

O Hamas e os conflitos entre Palestina e Israel ao longo da história; entenda

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Os conflitos palestino-israelense, que misturam política e religião, já se estendem há décadas e têm deixado milhares de mortos e feridos em ambos os lados. Em 1947, no entanto, surgiu o que parecia ser a solução para um acordo de paz. As Nações Unidas propuseram a criação de dois estados, um judeu e outro árabe, na Palestina, sob um mandato britânico. O objetivo era fundar um território para o povo judeu, há muitos séculos disperso pelo mundo e que havia acabado de sofrer perseguições e assassinatos pelo Holocausto.

Os líderes judeus aceitaram, mas os árabes rejeitaram a proposta, implicando na não implementação. Os governos britânicos, como não conseguiram resolver a questão, partiram. O Estado de Israel, no ano seguinte, foi proclamado pelos líderes judeus, provocando revolta dos palestinos e culminando na Guerra árabe-israelense de 1948.

Em 1967, houve a Guerra dos Seis Dias. Israel ganhou e tomou a Cisjordânia e Jerusalém Oriental (controladas pela Jordânia) e a Faixa de Gaza (administrada pelo Egito). Desde então, em meio a outros conflitos e enfrentamentos, o país anexou Jerusalém Oriental e continuou a ocupar a Cisjordânia, mas se retirou em 2005 da Faixa de Gaza.

Nesse ano, a Faixa de Gaza passou a ser controlada pelo movimento islâmico armado Hamas, que venceu eleições legislativas lá e até hoje não reconhece o direito de Israel existir como uma nação. Até então, um outro grupo, o Fatah, controlava a área. O Hamas não reconhece o direito de Israel existir como uma nação. O grupo, com base em interpretações do Islã, defende a criação de um Estado Palestino e a saída de judeus da região.

Ao longo dos anos, a Autoridade Nacional Palestina (ANP), mesmo controlando a região, perdeu parte da legitimidade entre seu povo pela paralisação do processo de paz e acusações de corrupção, o que fortaleceu o Hamas.

Dimensões que desembocaram no ataque
Para o doutorando em Ciências Militares pela Escola de Comando do Estado Maior do Exército Marco Túlio Freitas, há três dimensões que, de certa forma, estão interrelacionadas e desembocam no ataque do Hamas a Israel: uma diplomática, uma religiosa e uma geopolítica.

“A diplomática tem a ver com a possibilidade do acordo tripartite (Estados Unidos, Arábia Saudita e Israel), prevendo o reconhecimento da Arábia Saudita ao Estado israelense, o que possibilitaria outros reconhecimentos, principalmente dos países do Golfo Pérsico, que possivelmente seguiriam o caminho da Arábia Saudita”, explicou

Quanto à dimensão religiosa, Marco Túlio lembrou que, desde 2021, há problemas rotineiros que envolvem a política israelense e os mulçumanos em torno da mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém (motivo histórico de tensão entre israelenses e palestinos, considerado um local importante para o judaísmo porque lá havia dois templos muito antigos que foram demolidos). Para o Islã, o lugar é considerado importante porque o profeta Maomé teria viajado de Meca a mesquita para rezar e, depois, subido aos céus.

No que diz respeito à dimensão geopolítica, o doutorando cita a questão do Irã, que está isolado politicamente pelo acordo tripartite, “visto como uma ameaça e possivelmente o motivo que fez com ele apertasse alguns botões para que o Hamas pudesse provocar esses ataques”. “Isso desemboca no show de horrores que a gente viu no último sábado”, desabafou Marco Túlio.

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* Folha de Pernambuco

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