Tudo pode acontecer no 7 de setembro – principalmente nada

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Helena Chagas*

A festa do 7 de setembro nunca foi mesmo praia do PT, que em seus governos sempre deu a ela caráter institucional, obedecendo corretamente aos protocolos e tradições militares, sem usar politicamente a ocasião — deixando mobilizações populares para outras datas, como o 1º de maio. Apesar do simbolismo do primeiro Dia da Pátria sem Bolsonaro, com Lula investido na função de chefe supremo das Forças Armadas e oito meses após derrotar uma tentativa de golpe, o governo não tem razões para seguir roteiro diferente desta vez. Haverá um necessário reforço na segurança, e o presidente da República e os militares devem acenar com a pacificação institucional, mas trata-se de uma festa institucional e protocolar, e assim será conduzida.

Certo, vai ser impossível, por parte da grande maioria que preza pelos valores democráticos, evitar a sensação de alívio — afinal, é o primeiro 7 de setembro, em quatro anos, sem o jugo bolsonarista e as frequentes ameaças ao Estado democrático de Direito. Isso é muita coisa, mas que temos comemorado todos os dias, em cada ato das instituições, que funcionam dentro das normas, e em cada avanço das investigações que vão desvendando os crimes contra a democracia e a corrupção de quem se dizia incorruptível. Não é preciso data nacional para se respirar esses novos ares, e os temores de alguns em relação à repetição de atos como os do 8/1 vão se dissipando.

Não que os seguidores de Jair Bolsonaro não estejam tentando armar alguma coisa. Mas andam combalidos. Nos últimos dias, passaram de convocações suspeitas nas redes, ao estilo “festa da Selma” — tipo doar sangue vestidos de verde-e-amarelo ou sair de preto — , ao singelo bordão #fiqueemcasa. Não como orientação atrasada em relação à pandemia, mas tentativa de supostamente “esvaziar” o primeiro 7 de setembro de Lula.

É sobretudo pela ação correta e enérgica das instituições depois do 8/1 — prendendo, investigando e processando — que, apesar de todas as ameaças, o 7/9 de 2023 poderá entrar para a história como símbolo de uma virada de página.

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