O Minas e Energia, Alexandre Silveira, definiu nesta semana a lista de indicados para o Conselho de Administração da Petrobras. As indicações, no entanto, são contrárias ao projeto defendido pelo governo Lula para a estatal e, portanto, “inadmissíveis”, avaliou o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, durante participação ao GGN.
A atual lista de conselheiros, com oito nomes, foi apresentada na última sexta-feira (25), em uma reunião entre o presidente da estatal, Jean Paul Prates, o ministro Alexandre Silveira e Lula. Na ocasião, Lula teria demonstrado insatisfação com seis nomes apresentados por Silveira e, de prontidão, teria orientado a sugestão de novos nomes, informou o jornal O Globo.
“Dentre esses vários nomes, quatro nos deixaram um tanto quanto indignados. São nomes ligados ao mercado financeiro. Nomes de pessoas ligada à gestão [de Jair] Bolsonaro, que participaram ativamente do ex-governo, principalmente no Ministério da Economia, e ligados também a setores que defendem a privatização de ativos da Petrobras e da manutenção da atual política de preços que nós temos desde da [gestão Michel] Temer [MDB]”, explicou Bacelar, na entrevista conduzida pelo jornalista Luis Nassif.
Conselho pode ter maioria que derrotará Lula
O incômodo e preocupação da FUP, conforme nota, seria principalmente sobre as indicações de Pietro Adamo Sampaio Mendes, atual presidente do Conselho Administrativo; além de Carlos Eduardo Turchetto Santos; Vitor Eduardo de Almeida Saback, além de Eugênio Tiago Chagas Cordeiro e Teixeira.
“O alerta que nós fazemos aqui sobre esses quatro nomes indicados pelo ministro Alexandre Silveira é que são nomes que, juntos com os outros três acionistas minoritários, formam maioria dentro do Conselho de Administração de forma a fazer com que a União, o próprio presidente Lula, não tenha nenhum tipo controle sobre este colegiado”, alertou o coordenador.
Ainda, segundo Bacelar, a oposição às indicações é necessária tendo em vista o que o presidente Lula “vem falando desde a sua campanha, com o seu programa de governo, da ideia central tão importante e necessária de abrasileirar os preços e de nós termos a nossa Petrobras servindo a população brasileira”, pontuou.
Mudanças necessárias
Em meio às críticas, o governo federal já alterou uma das indicações de candidatos para assumir uma das oito cadeiras do Conselho. O nome de Wagner Granja Victer foi substituído pelo do economista Bruno Moretti. Contudo, a ação não altera o cenário.
“Se for esse Conselho de Administração que saiu a lista divulgada, mesmo com a mudança com o Bruno Moretti entrando agora, ainda temos uma maioria consolidada de pessoas ligadas estritamente ao mercado“, ressaltou Bacelar. “Nós participamos [da transição de governo], contribuímos com aquilo que nós entendemos que é razoável. Fizemos um diagnóstico, apresentamos uma série de sugestões, recomendações para que o programa de governo fosse cumprido diante do caos que o Bolsonaro deixou a Petrobras e o setor de petróleo e gás (…) A Federação Única dos Petroleiros tem como um dos seus principais princípios o da independência e autonomia sindical diante dos governos e dos patrões (…) nós estamos fazendo nosso papel de entidade sindical e iremos continuar batendo assim como gato morto em cima desses nomes que aqui estão. Não faz sentido algum que nós tenhamos esses nomes”, completou.