“Mandaram matar os baianos”, diz resgatado de vinícola no RS

“Mandaram matar os baianos”, diz resgatado de vinícola no RS

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Em depoimento, homens resgatados de situação análoga à escravidão revelaram as condições insalubres nas quais viviam em vinícola do RS.

Segundo o Metrópoles, três homens resgatados de situação análoga à escravidão em vinícola no Rio Grande do Sul prestaram depoimento ao Ministério Público do Trabalho (MPT). Um deles informou ter escutado uma ordem de “matar os trabalhadores baianos”. Ele relata que, na véspera da fuga, foi encurralado por quatro seguranças, que o espancaram com cabo de vassoura, usaram spray de pimenta e o morderam.

Nos relatos, o trio também descreve agressões, refeições com aspecto estragado e jornada de trabalho exaustiva. As informações são do jornal O Globo, que teve acesso ao documento.

Empregados pela empresa Fênix Prestação de Serviços, que operava de forma terceirizada em vinícolas como Aurora, Salton e Cooperativa Garibaldi, os três homens decidiram, no dia 21 de fevereiro, enviar um vídeo no grupo de WhatsApp da empresa para denunciar as condições de trabalho. Na gravação, o trio, encharcado, revela o prato de comida que haviam recebido: arroz, feijão e frango com aspecto estragado.

No depoimento, os trabalhadores relatam mais do cotidiano vivido na vinícola. Após a colheita, eles eram recebidos no alojamento por seguranças do chefe da empresa. Agressões em formas de mordidas, choques, socos e enforcamentos era o tratamento comum dado a eles.

Vindos da Bahia, os homens chegaram a Bento Gonçalves, município do Rio Grande do Sul, para trabalhar nas vinícolas. O acordado em contrato assinado foi de que eles trabalhariam durante 45 dias, com jornada diária de 15 horas, por um valor de R$ 3 mil. O montante nunca foi pago.

O dono da empresa operava um pequeno mercado dentro da vinícola, onde vendia itens básicos aos trabalhadores. Em posse de R$ 400, dado pelo empregador, os homens poderiam comprar no local. O valor dos produtos, contudo, estava muito acima do preço normal de mercado. Para ilustrar, um pacote de biscoito de água e sal era vendido a R$ 15.

No que diz respeito à higiene, o alojamento tinha quatro privadas para mais de 200 trabalhadores. Os quartos eram compostos por beliches amontoados e não recebiam qualquer tipo de limpeza ou manutenção.

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