No fim do governo Bolsonaro, delegado da PF que vai para Madri distribui broches de ouro. Por Leandro Fortes

No fim do governo Bolsonaro, delegado da PF que vai para Madri distribui broches de ouro. Por Leandro Fortes

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O edifício-sede da Polícia Federal, em Brasília, chacoalhou outra vez, em menos de uma semana, mas desta vez não foi por conta da invasão de vândalos. A oito dias de deixar o cargo de diretor-geral da PF e partir para uma confortável adidância policial na Embaixada do Brasil em Madri, na Espanha, o delegado Márcio Nunes de Oliveira baixou a Portaria 16.958, de 21 de dezembro de 2022, instituindo a criação e distribuição de broches folheados a ouro para quase uma centena de delegados ocupantes de cargos de chefia e assessoramento, em todo o País.

A medida é inédita, inusitada e jamais havia sido discutida dentro da PF. Não se sabe ainda o custo dessa novidade, nem quem será o fornecedor das pequenas joias a serem ostentadas nas lapelas de delegados e delegadas das seguintes funções: diretor-geral, chefe de gabinete; diretor-executivo; diretor de investigação e combate ao crime organizado e à corrupção; diretor de inteligência policial; corregedor-geral; diretor técnico-científico; diretor de gestão de pessoal; diretor de administração e logística policial; diretor de tecnologia da informação e inovação; superintendentes regionais; delegados regionais executivos; delegados regionais de investigação e combate ao crime organizado e à corrupção; e corregedores regionais.

Mas não para por aí. A portaria zé-das-medalhas ainda prevê que ex-ocupantes de cargos de comando também recebam um broche para chamar de seu: ex-diretores-gerais; ex-chefes de gabinetes; ex-diretores (de qualquer coisa); ex-corregedores-gerais e ex-superintendentes regionais.

A justificativa que consta na normativa faz jus à bizarrice da iniciativa. Segundo Márcio Oliveira, os broches têm a finalidade de criar “uma camada de segurança” para os agraciados, “de forma a acelerar o acesso a locais, áreas e espaços restritos ou reservados, reduzindo o tempo de exposição da autoridade a possíveis ameaças”. Ou seja, os broches de ouro vão servir para exatamente aquilo que servem os crachás que todos os servidores da PF usam: identificação e acesso aos setores da instituição. De que maneira os broches terão o poder de mitigar ameaças ainda é um mistério não esclarecido pela portaria do diretor-geral.

Afilhado político do ministro da Justiça, o também delegado federal Anderson Torres, Márcio Oliveira tem uma folha de serviços prestados à família Bolsonaro, razão pela qual ganhou uma sinecura na Espanha. A não ser que o futuro diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, mexa na nomeação, Oliveira vai passar três anos na Embaixada do Brasil em Madri, com salário de 16 mil dólares (cerca de R$ 83 mil) mensais, mais mordomias.

E ainda vai ter direito a um broche dourado.

Abaixo, a portaria:

*Com DCM

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