A mando de Bolsonaro, Forças Armadas pedem ao TSE arquivos das eleições de 2014 e 2018

A mando de Bolsonaro, Forças Armadas pedem ao TSE arquivos das eleições de 2014 e 2018

Compartilhe

Forças Armadas querem acesso a todos os arquivos das urnas de 2014 e 2018, em novo pedido enviado à corte eleitoral.

Em um ofício remetido ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no final de junho, as Forças Armadas solicitaram uma série de arquivos relacionados às eleições de 2014 e 2018, acumulando mais um episódio em que os militares questionam a corte em alinhamento ao discurso do presidente Jair Bolsonaro (PL) de desacreditar as urnas, segundo a Folha.

Esses são justamente os anos em que o mandatário alega, sem nenhuma evidência além de teorias conspiratórias, que teria havido fraude. Bolsonaro acumula mentiras sobre o tema.

Na live semanal da última quinta-feira (7), o presidente afirmou que irá convidar os embaixadores de todos os países para participarem de uma reunião em que vai falar sobre “como é o sistema eleitoral brasileiro” e mostrará um PowerPoint com “tudo que aconteceu nas eleições de 2014, 2018, documentado”.

Não é possível afirmar qual o objetivo dos militares com o pedido, mas, com os dados solicitados, eles poderiam recontar os votos desses pleitos ou mesmo fazer uma auditoria e tentar procurar supostos problemas. ​

No Brasil, nunca houve registro de fraude nas urnas eletrônicas, em uso desde 1996. Os diferentes episódios envolvendo os militares e a corte eleitoral têm dado munição ao discurso golpista de Bolsonaro.

No ofício datado de 24 de junho, os militares afirmam que os arquivos solicitados seriam necessários para “esclarecer e conhecer os mecanismos do processo eleitoral com a finalidade de permitir a execução das atividades de fiscalização do processo eleitoral”.

A Folha questionou o Ministério da Defesa sobre qual o motivo da solicitação de dados de eleições passadas e quais seriam as atividades de fiscalização da eleição de 2022 para as quais eles seriam necessários.

O ministério não explicou a necessidade de informações desses anos específicos, mas disse que elas “são fundamentais para que os militares estudem os parâmetros e a estrutura do sistema eletrônico de votação para que possam realizar os trabalhos de fiscalização de forma técnica, séria e colaborativa”.

As Forças Armadas, depois de 25 anos de silêncio sobre as urnas eletrônicas, enviaram ao TSE desde o fim de 2021 mais de 80 questionamentos, além de sete sugestões de mudanças nas regras das eleições —elas integram a Comissão de Transparência Eleitoral.

Desta vez, o pedido de informações foi realizado pelas Forças Armadas enquanto entidade legitimada para fiscalizar as eleições, grupo em que partidos também estão incluídos. No caso de interesse de Bolsonaro nos dados, portanto, o próprio PL poderia enviar questionamentos.

O ofício com a solicitação foi encaminhado ao tribunal pelo ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

%d blogueiros gostam disto: