Você pode não concordar absolutamente nada com o pensamento econômico e político de Míriam Leitão, colunista do Globo, mas ela se transforma numa voz lúcida quando admite a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em tempos de negacionismos e de golpismos, alguém ligado à cúpula da emissora carioca que imaginando cenário com Lula presidente é um avanço. Sinal de que há vida nesse diabólico e obscuro deserto em que se meteu a velha mídia corporativa.
Neste domingo (19/12), Míriam aborda em sua coluna no Globo sobre as difíceis escolhas do possível governo Lula a partir de 2023, vinte anos após a posse em seu primeiro governo [2003].
Segundo ela, a possível dobradinha com o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (ainda sem partido) é uma espécie de “carta aos brasileiros 2.0” porque se trata de uma flexão ao centro político.
Míriam Leitão sacou que Lula não quer falar de economia, pantanoso assunto, porque está confortável com seu favoritismo nas pesquisas de intenção de voto. De acordo com o último Datafolha, publicado na sexta-feira (17/12), o petista vence a disputa já no primeiro turno e derrota todos os adversários no segundo turno.
Em outro lampejo de bom-senso, a colunista do Globo reconhece que o Estado terá que fortalecer órgãos públicos que foram sucateados na demolição que tem sido o governo Bolsonaro.
“Falta ainda muito tempo para as eleições, mas a única vez que Lula atingiu o patamar dos 40% e não venceu o pleito foi em 1994, porque o Plano Real alterou completamente o ambiente econômico, político e social do país. Dificilmente haverá algo tão transformador do cenário, portanto Lula continua sendo o grande favorito das eleições de 2022”, escreveu Míriam Leitão, fulminando o presidente Jair Bolsonaro (PL) e a “terceira via” –leia-se Sergio Moro (Podemos), Ciro Gomes (PDT) e João Doria (PSDB), dentre outros menos votados.
*Por Esmael Morais