A classe trabalhadora vai ao paraíso. A doença do eu numa multidão postando self.

A classe trabalhadora vai ao paraíso. A doença do eu numa multidão postando self.

Compartilhe

Em nenhum momento da história mundial, o “eu” foi tão mais exageradamente exacerbado quanto o hoje. Essa verdade pode comprovada nesse período de Natal em uma pequena cidade chamada Penedo, no Rio de Janeiro. A colônia finlandesa que fica aos pés do pico das Agulhas Negras fez um teto de luz e uma decoração invejável do período natalino.

É aqui que começa a análise do comportamento humano que mais parece uma pandemia de autocentrismo e vaidade pessoal, que seria risível ou preocupante se narrado a alguém no século XX.

Por volta das 18 horas, ao por só sol, as luzes se acendem e é aí que todo comportamento sem limite de extrapolação do eu e do encurtamento do tempo presente, já estudado pela psicologia, elimina a barreira entre o ridículo e o mundo.

Luzes acezas, os celulares se tornam a ferramenta comum a todos. As câmeras apontam o próprio rosto, em momentos teoricamente felizes. As pessoas tomam o meio da rua em um festival egoísta de eliminação do outro. Grande parte delas param o trânsito e quase atropelamentos acontecem. Afinal, o mundo tem que parar para que eu seja feliz, já que o curtíssimo tempo presente justificado prazo felicidade momentânea e a vaidade das curtidas em redes sociais justificam o ridículo, o nonsense e até a perda da própria beleza do lugar. Afinal, enquanto o eu está gigante e inflado nas selfs e curtidas, não se olha a beleza real do momento, a decoração, o céu, as pessoas e a diversidade das gentes.

O mais irônico disso tudo é que as fotos não serão salvas para a posteridade e durarão poucos dias, ou meses. Nada será impresso, nada servirá de ser memória ao tempo. Findado o prazer das curtidas, o ego volta ao mesmo lugar de sempre, perdido na exploração capitalista da mão de obra e servidão moderna. Afinal, a classe trabalhadora vai ao paraíso e tudo tem que ser postado, afinal, nas redes sociais não existem perdedores, todos são campeões em tudo.

Compartilhe

One thought on “A classe trabalhadora vai ao paraíso. A doença do eu numa multidão postando self.

  1. jorge+idem+de+silva
    dezembro 6, 2021 at 9:36 am

    O egoísmo exacerbado compõe valores capitalista: ‘farinha pouca meu pirão primeiro’ e/ou, no atual estado de miserabilidade dos mais pobres e muitas vitimas da fome no Brasil, OMITIDO pelos alienados ou [DES]informados dos seus Patrícios ROENDO OSSOS DOADOS!? Sem a inima noção que os BENEFICIADOS, desse estado de miséria e agonia humana, são se importarão que AMANHÃ quem hj os apoiam, consumirão a MESMA DIETA DE CÁLCIO CONCENTRADO! Certo?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

%d blogueiros gostam disto: