Cyber Polygon chegou: expediente da Pandemia digital segue à risca o script do Fórum Econômico Mundial

Cyber Polygon chegou: expediente da Pandemia digital segue à risca o script do Fórum Econômico Mundial

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Ainda em 2020, quando o Mundo ficou abalado com a declaração da Organização Mundial da Saúde de que uma Pandemia do Novo Coronavírus (SARS-Cov-2) havia começado ninguém poderia imaginar que meses antes desta tragédia sanitária uma simulação de Pandemia havia sido encomendada pelo Fórum Econômico Mundial, o famigerado “Event 201” que, inclusive, movimentou as redes sociais e alimentou uma série de teorias da conspiração de todos os espectros políticos, da extrema-direita até a extrema-esquerda. Fato é que a simulação, ou “War Game” realmente aconteceu e contou com empresários e líderes políticos de variados países. O objetivo era justamente analisar as consequências de uma Pandemia no século 21 num “timing” coincidentemente próximo dos primeiros casos registrados de um novo e misterioso vírus de síndrome respiratória aguda. Planejado ou não planejado, o evento 201 ocorreu e serviu, até certo ponto, de subsídio para que a OMS pudesse nortear algumas das suas políticas em escala global.

A Pandemia movimentou a indústria farmacêutica como nunca antes e condicionou diversos países a um novo código de conduta que, confrontando negacionistas ou não, levou à urgência das pessoas adotarem medidas sanitárias ultra cautelosas delimitadas também por políticas verticais como, por exemplo, a implementação de novas legislações emergenciais com vistas à salvaguardar a vida e a saúde das pessoas. Em tempos de políticas de austeridade, esta preocupação soa um tanto quanto estranha porque em países como o Brasil nada poderia ter sido tão genocida e mortal como a PEC dos gastos públicos. Incoerências à parte, estas medidas sanitárias foram acompanhadas de um número assustador e crescente de internações e mortes que inclusive dobrou a necessidade das pessoas respeitarem todas as medidas sanitárias e em nível mundial uma corrida pelo desenvolvimento de vacinas em tempo recorde. No Brasil, a tragédia foi maior porque o governo Bolsonaro – um governo abertamente negacionista pregou um genocídio organizado a partir do endosso na utilização de medicamentos comprovadamente ineficazes no tratamento da Covid-19, o que aumentou ainda mais o número de internações e mortes. Tal problema inclusive é investigado pelo Congresso Nacional a partir de uma Comissão Parlamentar de Inquérito.

A Pandemia do Covid-19 certamente entrou para a História do século 21 e precipitou uma série de problemas decorrentes que foram desde escassez de leitos em UTI, queda nas taxas de consumo provocados pelo arrefecimento econômico e todos os outros problemas decorrentes. Tudo isso não suscitaria qualquer margem de dúvida caso o assunto não fosse explorado pelo Fórum Econômico Mundial com tanto interesse. É óbvio que o FEM (Fórum Econômico Mundial) possui interesses em monitorar os diversos fatores da dinâmica socio-ambiental em escala planetária uma vez que surpresas inesperadas afetam diretamente a Economia e diz respeito à possíveis riscos para a estabilidade econômica global. Entretanto, as discussões em torno de um “Reset Global” foram e ainda são comuns neste fórum e discutidos abertamente em publicações especializadas. O problema não poderia ser outro, a fragilidade do sistema do Capital em meio à crise dos monopólios. Algo deve ser feito, do ponto de vista do poder econômico, para eliminar os riscos decorrentes do colapso do sistema que pode facilmente irromper em ondas simultâneas de crises revolucionárias em diferentes partes do Mundo desenvolvido e subdesenvolvido. Antes que isso ocorra, o poder econômico antevê e se prepara estrategicamente para “estancar a sangria”. Uma forma importante é dobrar a aposta nos mecanismos de controle social, ou seja, testar os limites do aparato institucional tradicional na contenção de mobilizações e revoltas. Não existe outra alternativa a não ser criar justificativas à altura do aumento das medidas de exceção.

Isso nos lembra demasiado o problema em torno dos Atentados de 11 de Setembro de 2001, um dos acontecimentos geopolíticos mais ricos em causas e consequências na nossa conturbada História contemporânea. O fim da Guerra Fria trouxe um desafio enorme ao Império norte-americano. Se por um lado, o Socialismo real era em parte contido no leste europeu, por outro, as justificativas estratégicas do contínuo orçamento destinado à indústria bélica encontrava um grande obstáculo – a ausência de um novo adversário e uma nova fonte de medo que pudesse justificar uma escalada de repressão. Neste contexto, os atentados de 11 de Setembro trouxeram à tona o terrorismo internacional – um novo inimigo disforme e sem local, espalhado por células em várias partes do Mundo. O combate ao terrorismo, chamado de “War on Terror” (Guerra ao Terror) justificou a criação do famigerado Ato Patriota (Patriot Act) que encobria a implementação de uma série de medidas de exceção ligadas à espionagem dos cidadãos norte-americanos e, por extensão, do Mundo inteiro em nome do combate ao terrorismo.

Hoje, em nome do combate à Pandemia, países em todo o Mundo adequaram seus estados no sentido de circunscrever os habitantes cada vez mais a um esquema de controle e vigilância, afinal, o vírus é o grande inimigo atual, algo que nos fez lembrar a Biopolítica de Michel Foulcoult. Entretanto, somente a Pandemia não permite um controle mais incisivo sobre o horizonte de eventos da Sociedade do Capital num cenário pré-Colapso. É aí que ainda em 2020, o Fórum Econômico Mundial organizou mais um “War Game”, novamente de caráter preditivo – um cenário de ataques cibernéticos em escala global, naquilo que foi apelidado de “Pandemia Cibernética” ou “Cyber Polygon”. A simulação teve como objetivo avaliar as possíveis ameaças de ataques hackers coordenados à sistemas cibernéticos que consigam paralisar atividades econômicas e prejudicar o conjunto da população mundial atualmente ultra dependente não só de energia elétrica mas dos serviços de rede de internet, softwares e aplicativos de computador e mobiles. Os danos seriam severos e poderiam levar até mesmo a uma crise pior que a do próprio Covid-19. Não só o experimento tende avaliar os danos desta tragédia cibernética como também delimitar possíveis maneiras de combater os hackers, os novos terroristas ou vírus do Mundo. Aí é que entra um novo cenário, aquele de estimular o desenvolvimento de mais controle sobre as redes, afinal, ninguém irá querer mais se submeter aos graves riscos de segurança no Mundo digital. As medidas certamente incluiriam um poderoso aparato de censura que passaria até mesmo a ser isento de críticas afinal a crise de insegurança cibernética é de um grau de periculosidade ainda pouco compreendido.

Eis que possivelmente, neste 4 de Outubro de 2020 quando Facebook, Whatsapp e Instagram pararam de funcionar em todo o Mundo temos visto o início desta nova onda de ataques hackers que possibilitam o início do Cyber Polygon. Deve ser por isso mesmo que Mark Zuckerberg, por exemplo, tem de desvincilhado das ações do Facebook desde o início de 2021. Por que será? Quem iria querer se livrar das ações de uma empresa tão gigante quanto o Facebook ainda mais sendo o próprio criador desta rede social multibilionária? Com certeza alguém que saiba de antemão que um apagão digital seria iminente.

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