Pesquisa DataSenado, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV), revela que um terço das mulheres brasileiras já sofreu algum tipo de violência doméstica ou familiar provada por homem.
O levantamento indica ainda que 74% delas acreditam que o problema aumentou nos últimos 12 meses.
No Amazonas, 38% das mulheres declararam que foram vítimas da violência. Os índices são altos também em Rondônia (37%), Rio de Janeiro (38%), Amapá (35%) e Paraná (35%). A décima edição do levantamento mostra que a média no Brasil é de 30%.
O levantamento revela ainda que 62% das mulheres entrevistadas consideram que o Brasil é um país “muito machista”.
Esse índice é maior nos estados do Rio de Janeiro (73%), de Pernambuco (72%), do Ceará (68%) e no Distrito Federal (69%).
Amazonas (55%), Rio Grande do Sul (55%), Rondônia (54%), Santa Catarina (53%) e Roraima (50%) ficaram abaixo da média nacional. Os demais estados apresentaram valores estatísticos próximos da média.
“O índice pode ser ainda maior, já que algumas situações não são prontamente percebidas pelas mulheres como violência”, alerta Isabela de Souza Lima Campos, chefe de pesquisa do DataSenado.
Dados alarmantes
A procurador especial da Mulher no Senado, senadora Zenaide Maia (PSD-RN), considera os dados “assustadores”.
“Segundo o estudo, 68% das brasileiras conhecem mulheres que já sofreram violência doméstica. E percepção feminina majoritária, de 62%, é a de que o Brasil é um país ‘muito machista’. É inegociável: a mulher precisa denunciar o companheiro agressor, e nós estamos no parlamento, eleitas pelo voto de mulheres e de homens, com a missão de encorajar e de dar suporte político e financeiro para essas mulheres, muitas delas mães que cuidam sozinhas da casa e dos filhos. Elas não estão sozinhas! O Estado, o poder público está com as brasileiras, e precisamos garantir isso na prática”, defende Zenaide, segundo o Vermelho.
Para ela, há necessidade de garantir sustento e sobrevivência material para que a mulher tenha mais garantias, rede de apoio e condições de recomeçar a vida após fazer a denúncia.
A procuradora diz que é necessário que as mulheres denunciem os agressores e rompam com o ciclo vicioso de perpetuação do vínculo de dependência financeira em relação ao companheiro que as violenta.
Nesse sentido, a parlamentar defende a aprovação célere de seu projeto de lei que inclui emergencialmente, no programa federal de transferência de renda Bolsa Família, mulheres vítimas de violência doméstica e familiar.
Pesquisa
O DataSenado entrevistou 21.787 brasileiras, com 16 anos ou mais, por telefone, entre os dias 21 de agosto e 25 de setembro de 2023, em amostra representativa da opinião da população feminina brasileira.
“Cada estimativa é acompanhada de sua respectiva margem de erro, com nível de confiança de 95%. Os valores percentuais são arredondados de maneira que, em alguns gráficos, a soma pode ser diferente de 100%, para mais ou para menos.”