A paz morreu? (Por Hubert Alquéres)

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“O Hamas fez uma obscenidade moral. Mas nada que Israel não tivesse feito aos palestinos vezes sem conta. Dizer uma coisa e não dizer a outra é profundamente desonesto”. (Terry Eagleton, filósofo e crítico literário britânico famoso identificado com o marxismo)

Os ataques terroristas do Hamas de 7 de outubro parecem confirmar a morte definitiva da paz entre palestinos e Israel.

Na noite de quatro de novembro de 1995, cem mil pessoas se aglomeravam na Praça dos Reis de Israel em Tel Aviv. Realizava-se um comício pela paz entre israelenses e palestinos. A multidão foi ao delírio quando o primeiro-ministro Ytzhak Rabin concluiu seu discurso histórico: “sempre acreditei que a maioria de nós quer a paz e está disposta a morrer por ela”.

Poucos minutos depois Rabin foi assassinado quando se dirigia ao seu carro. O assassino, Igal Amin, um jovem militante da extrema-direita israelense confessou:” O meu objetivo era eliminar o chamado processo de paz com os palestinos e para alcançá-lo achei que seria melhor eliminar Rabin”.

Os três tiros disparados nas costas de Ytzhak Rabin dizimaram o sonho de muita gente. Simbolicamente é visto como a morte do processo de paz entre dois povos que sempre foram inimigos históricos.

Pouco antes disso aconteceram os acordos de Oslo de 1993 onde, por meio de negociações secretas, o governo de Israel e a Organização para a Libertação da Palestina de Yasser Arafat se comprometeram a unir esforços pela paz. Passos importantes foram dados: Israel saiu de territórios ocupados e os palestinos passaram a contar com um embrião de Estado, a Autoridade Palestina.

Os ataques terroristas do Hamas de 7 de outubro parecem confirmar a morte definitiva da paz entre palestinos e Israel. O sonho de dois estados também parece soterrado. Com boa dose de razão, uma onda de pessimismo varre o mundo, dado o temor de uma escalada do conflito, generalizando-se para toda a região.

O risco existe, mas considerá-lo como irreversível pode levar à paralisia e a ignorar que não há, para israelenses e palestinos, uma alternativa segura senão a paz definitiva. Ela só acontecerá se for assegurada a existência dos estados de Israel e da Palestina e se as forças interessadas na radicalização exponencial do conflito armado forem isoladas e derrotadas.

É preciso não confundir o Estado de Israel com o governo fundamentalista e de extrema-direita de Netanyahu. Desde 1996, quando chegou ao poder pela primeira vez, Netanyahu teve como estratégia avançar em territórios palestinos, particularmente na Cisjordânia, por meio de novos assentamentos de judeus. Antes, quando foram sacramentados os acordos de Oslo, existiam 200 mil assentados em territórios palestinos. Trinta anos depois são 700 mil.

*Blog do Noblat

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