Ao longo dos seis primeiros meses do governo de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) em São Paulo, a Polícia Militar e a Secretaria de Segurança Pública do estado realizaram, pelo menos, 40 eventos oficiais da corporação em templos e escritórios da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). Em alguns desses atos, mais de 1.000 policiais chegaram a se reunir de uma só vez em propriedades da entidade.
O Republicanos, partido de Tarcísio, é o braço político da Igreja Universal, fundada e comandada por Edir Macedo, que agora busca também uma aproximação com o governo Lula, após atuar na base da gestão Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.
As informações fazem parte de levantamento exclusivo realizado pela Fórum com base em registros oficiais mantidos pela PM-SP e pela Iurd, que conta com um braço de ação chamado UFP, ou Universal nas Forças Policiais, com atuação em todo o país.
Entre os eventos que a Iurd organizou em parceria com a PM paulista, estão solenidades como formatura de policiais, reuniões gerais de batalhões, além de passagens de comandos de companhias e regimentos, entre outras cerimônias e festividades.
No mesmo período, a força militar paulista concedeu, pelo menos, seis medalhas, diplomas e outras honrarias à igreja, seus pastores e líderes, a maioria deles tendo sido entregue a Rony Negreiros, chefe da UFP e ex-major da Polícia Militar do Maranhão.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Igreja Universal, disponibilizando espaço para que a instituição comentasse as informações publicadas nesta reportagem. Até a publicação, na manhã deste domingo (23), nenhuma resposta havia sido enviada.
O deputado estadual Paulo Reis (PT-SP) entrou com representação no Ministério Público Federal (MPF) para que o órgão apure a denúncia feita pela reportagem do site Intercept, que revelou que policiais militares de várias localidades do Brasil se deslocam para templos da Igreja Universal durante o horário de serviço para serem doutrinados.
Em sua ação, o deputado Paulo Reis destaca o fato de que, quando instadas, as Secretarias Estaduais de Segurança Pública e as Polícias Militares apresentaram versões contrapostas. Algumas aludiram à presença dos policiais nos eventos promovidos pela Igreja Universal como “visitas normais” e outras como “esporádicas”, “momentos de reflexão”, entre outras.
*Com Agenda do Poder