Cúpula da Otan: Perigo de Guerra Mundial ou inflexão sutil?

Cúpula da Otan: Perigo de Guerra Mundial ou inflexão sutil?

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A Cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) iniciou nesta terça-feira (11) seus trabalhos, em Vilnius (Lituânia). Em tempos normais uma cúpula da Otan já representa uma ameaça à paz mundial, pelo histórico agressivo da suposta organização defensiva. No entanto, esta cúpula especificamente pode ocasionar, a depender dos desdobramentos concretos do conclave, ameaças inauditas. A Ucrânia, que incentivada pela Otan recusou-se a prosseguir nas negociações de paz com a Rússia, cobra agora sua admissão como membro da aliança e o compromisso de apoio ilimitado. Os países membros da Otan dividem-se em relação à admissão imediata e unificam-se, pelo menos publicamente, nos compromissos em destinar mais armas e dinheiro. Citado pela agência de notícias EFE, o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitri Medvedev, disse neste sábado (8) que, caso a integração da Ucrânia à OTAN se concretize, isso significará uma “terceira guerra mundial”. Horas antes este mesmo alerta havia sido dado pelo embaixador russo em Washington, Anatoli Antonov, na conta do Telegram da embaixada russa nos EUA. O diplomata acusou Washington de aumentar as apostas no conflito, citando o fornecimento de bombas de fragmentação para o regime de Kiev e advertiu que “o atual nível de provocações dos EUA está realmente fora de escala e aproxima a humanidade de uma nova guerra mundial”. No entanto, muitos sinais indicam que a realidade está batendo à porta dos senhores da guerra.

Cúpula da Otan: Zelensky sentiu o clima

A agência de notícias britânica Reuters, uma das porta-vozes atlantistas, em seu “Briefing Diário” desta terça-feira, informa que o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, garantiu que a Ucrânia receberá, na Cúpula, uma “mensagem positiva e forte” em seu caminho para a adesão. Por outro lado, a agência constata que “as divisões entre os membros significam que não haverá um convite direto para a entrada da Ucrânia”. Dentro do mesmo diapasão, o jornal Folha de S. Paulo revela que “Coube a um membro lateral da Otan, a República Tcheca, desenhar em palavras o que os outros líderes dissimularam. Segundo o presidente Petr Pavel, que como general serviu na Otan, a janela de progresso militar ucraniano ‘acaba mais ou menos no fim do ano’. ‘O que for alcançado deve ser a base de negociações’, afirmou (…) Mais: Pavel disse que, com a entrada do calendário eleitoral americano no jogo, ‘nós veremos outro declínio na vontade de suprir a Ucrânia com mais armas de forma maciça’”. Sentindo o clima, o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, publicou nesta terça-feira um Twitter dizendo que a falta de um convite formal para a adesão do seu país é um absurdo: “A Ucrânia merece respeito. É sem precedentes e absurdo quando um cronograma não é estipulado nem para o convite, nem para a adesão da Ucrânia (…) Não parece haver prontidão para convidar ou fazer da Ucrânia um membro“, afirmou. Zelensky participará do último dia da cúpula, na quarta-feira (12) e certamente as resoluções finais serão prenhes de termos grandiloquentes de apoio integral à Ucrânia, o que não significa nem de longe que todos os países da aliança estejam dispostos a arriscar os respectivos pescoços em uma guerra que pode resultar em hecatombe nuclear. Para além de confirmar a prevista entrada da Suécia, que parece ter atendido às exigências da Turquia, e das resoluções formais emanadas, o que conta de verdade são as convicções que vão se estabelecendo nos bastidores, entre os países membros e principalmente no país que manda de fato, os EUA. Convicções frutos de uma análise objetiva da situação, que para efeitos de propaganda não é feita em público, podem indicar uma sutil inflexão no sentido de admitir futuras e realistas negociações de paz.

A inusitada “rebelião” de Yevgeny Prigozhin

Yevgeny Prigozhin, chefe de uma rebelião militar peculiar

Parecem se confirmar as especulações feitas pelo site Pravda, e repercutidas na Súmula Internacional do dia 06/7, de que estava em curso uma “reconciliação” de Yevgeny Prigozhin, chefe do Wagner, com o presidente da Federação Russa, Vladimir Putin. Moscou confirmou que o presidente russo Vladimir Putin se reuniu no Kremlin com o líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, e os dirigentes da empresa militar privada. A agência Sputnik News, ouviu sobre o assunto Dmitry Peskov, porta-voz do presidente russo. “De fato, o presidente teve tal reunião. Ele convidou 35 pessoas. Todos os comandantes dos destacamentos e os dirigentes da empresa. Incluindo o próprio Prigozhin. Esta reunião aconteceu no Kremlin em 29 de junho. Durou quase três horas“. Peskov alegou não poder detalhar o que foi discutido na reunião mas falou dos aspectos gerais da conversa. “A única coisa que podemos dizer é que o presidente fez uma avaliação das ações da empresa no front no decorrer da operação militar especial, e deu sua avaliação dos eventos de 24 de junho, os comandantes também contaram a sua versão dos acontecimentos“. Além disso, Peskov, segundo a Sputnik News, declarou que os comandantes do Grupo Wagner afirmaram na reunião com o presidente russo no Kremlin que são seus apoiadores convictos e estão prontos para continuar a lutar pela Pátria. Não está claro que consequências práticas haverá fruto desta reaproximação. O que não se pode deixar de notar é que o “motim” tem muitos elementos inusitados. Não se esperava, nem se especulava, que ele fosse acontecer. Quando ele estourou, não se esperava, nem se especulava, que ele fosse acabar de forma tão rápida e sem grandes consequências. Quando ele terminou, houve muita especulação sobre o destino do Grupo Wagner e do seu líder, mas ninguém achava que menos do que cinco dias depois da rebelião Putin receberia o próprio Yevgeny Prigozhin para uma reunião no Kremlin. Enfim, fica claro que muitos aspectos desta história estão envoltos em segredos que, quando vierem à tona, provavelmente trarão ingredientes ainda mais surpreendentes.

EUA devem aprovar orçamento recorde destinado ao Pentágono: US$ 886 bilhões

Um projeto de lei que tramita no Congresso dos EUA define o orçamento do Pentágono para 2024 em US$ 886 bilhões. A Câmara dos Deputados pode votar o projeto ainda esta semana. O valor representa US$ 28 bilhões a mais do que o Pentágono recebeu este ano. Enquanto isso, quase todos os outros gastos federais estão congelados pelos próximos dois anos como resultado da negociação sobre o teto da dívida. O orçamento do Pentágono representa mais do que recebem a Educação, Saúde, Serviços Sociais, Justiça e Transporte somados. É importante ressaltar que gastos como o auxílio à Ucrânia não entram nesta conta pois são aprovados como “verbas suplementares”, ou seja, a montanha de dinheiro destinada à destruição e à morte é ainda maior. Uma das grandes bandeiras do “democrata” Joe Biden, é a suposta defesa do meio ambiente. Pois bem, só o aumento de US$ 28 bilhões para o Pentágono é o dobro de todo o orçamento dos EUA para programas de proteção ambiental, revelando que a verdadeira bandeira do imperialismo estadunidense, seja sob comando democrata ou republicano, é a promoção da guerra.

Bogotá e dissidentes das FARCs retomam diálogo

Paz na Venezuela

A agência de notícias Reuters informa que o Governo da Colômbia e o Estado-Maior Central (EMC), uma das duas dissidências do grupo FARC, anunciaram que chegaram a um acordo para retomar as conversações de paz e estabelecer uma mesa de diálogo. Em comunicado conjunto divulgado neste sábado, as duas partes afirmaram que a rodada de negociações abordará um cessar-fogo bilateral em nível nacional, que foi parcialmente suspenso pelo governo em maio após o assassinato de quatro menores indígenas. “As partes reiteram sua firme intenção de avançar para um acordo de paz que ponha fim ao confronto armado e promova a obtenção de uma paz abrangente, estável e duradoura“, disse o comunicado. A EMC é uma das duas facções dissidentes das FARC e é formada por ex-líderes e combatentes que não aceitaram o acordo de paz de 2016. O grupo dissidente conta atualmente com cerca de 3.530 membros – por volta de 2.180 combatentes e 1.350 auxiliares. Outro grupo rebelde, o Exército de Libertação Nacional (ELN), que não fazia parte do acordo de 2016, está atualmente em negociações com o governo. As partes (governo e ELN) anunciaram em junho um cessar-fogo de seis meses que começará em agosto.

Cuba critica preparativo da 3ª Cúpula CELAC-UE

A 3ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da CELAC (Comunidade dos Estados da América Latina e Caribe) com a UE (União Europeia) será realizada em Bruxelas, Bélgica, nos dias 17 e 18 de julho. O Ministério de Relações Exteriores de Cuba divulgou, nesta segunda-feira (10), uma nota criticando os preparativos conduzidos pela UE. Segundo o órgão estatal cubano, depois de oito anos sem um encontro entre os líderes das regiões, a Cúpula pode ser uma oportunidade para fortalecer os laços birregionais que não registraram progresso no último período. Mas, para Cuba “Existem motivos para se preocupar. A falta de transparência e a conduta manipuladora da União Europeia na preparação da Cúpula comprometem seriamente o sucesso da reunião. Tentam impor formatos restritivos, divisores, que impossibilitam discussões diretas e transparentes, e tentam esconder o conteúdo dos debates da imprensa e da opinião pública. Os fóruns paralelos à Cúpula são organizados unilateralmente. A parte europeia decide por conta própria, inclusive, quem serão os representantes de nossa região nesses eventos. Tal procedimento, além de desrespeitoso, cria as condições para que esses Fóruns se tornem palcos de ataques contra os países membros da CELAC. A conduta da União Europeia põe em causa a possibilidade de se chegar a acordos finais”.  Confirmando parte das preocupações de Cuba, a Alba Movimentos fez uma declaração pública rechaçando a organização de um suposto Fórum da sociedade civil intitulado “UE-América Latina e Caribe: Parceiros para a Mudança (juventude, sociedade civil e autoridades locais)”, que está sendo convocado “de forma unilateral e não transparente”.

Vínculo entre tiroteios e problemas mentais – Falácia que indigna psiquiatras nos EUA

Tiroteios em massa nos EUA: Doença Mental? / Foto: Mark RALSTON – AFP

Nos últimos meses, muitos políticos republicanos nos Estados Unidos espalharam a ideia de que os tiroteios em massa estão relacionados à saúde mental, uma afirmação que, segundo os psiquiatras, é falsa e apenas aumenta o estigma em relação aos doentes. “Isso nos impede de falar sobre o grave problema que os Estados Unidos têm com a violência, é uma tática diversionista que adiciona um estigma às pessoas com problemas de saúde mental”, disse à agência EFE Héctor Colon-Rivera, membro da Associação Americana de Psiquiatria. Como fez após o massacre escolar em Uvalde, onde 19 crianças e dois professores morreram em 2022, em maio passado, o governador republicano do Texas, Greg Abbott, apressou-se em garantir, após um tiroteio em massa em um shopping center, que esses atos violentos são diretamente relacionados a problemas de saúde mental. Uma opinião que tem sido compartilhada publicamente por figuras como o líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell, ou o senador texano Ted Cruz. De acordo com o “Gun Violence Archive”, um projeto sem fins lucrativos que monitora a violência armada nos Estados Unidos, até agora este ano aconteceram 372 tiroteios em massa (aqueles que terminaram com quatro vítimas, sejam mortos ou feridos, sem incluir o atacante). Lutar contra a falsa associação entre violência armada e doença mental é um dos objetivos da organização “The Educational Fund to Stop Gun Violence”, que em um relatório publicado em seu site afirma que “é um equívoco comum que as pessoas que vivem com doenças mentais sejam responsáveis ​​pela violência armada (…) Na realidade, a maioria das pessoas com doenças mentais não exerce violência contra os outros (…) e é mais provável que sejam vítimas do que autores de violência”. Embora os Estados Unidos tenham taxas de doenças mentais semelhantes às de outros países, eles têm taxas muito mais altas de violência armada, lembra a organização. De acordo com um relatório publicado pelo FBI em 2018, que examinou o comportamento pré-ataque dos atiradores em massa mais sangrentos entre 2000 e 2013, apenas 25% deles foram diagnosticados com problemas de saúde mental. Fonte: Agência EFE.

* Vermelho

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