Denúncias contra Moro revelam arquitetura e gravidade do Golpe de Estado de 2016 no Brasil

Denúncias contra Moro revelam arquitetura e gravidade do Golpe de Estado de 2016 no Brasil

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A verdade tarda mas sempre vem à tona sem avisar, diz o ditado popular. A questão é que na correlação de forças do sistema, a circulação das informações está sujeita ao aparato das comunicações que, por sua vez, refletem os interesses dos variados grupos existentes na sociedade. Aqueles que são componentes dos setores que buscam impedir a transformação da sociedade, mantê-la no atraso intelectual, moral, ético, econômico e científico para manter o Status quo, na grande maioria, representam empreendimentos privados de comunicação que descarregam rios de dinheiro nesta “modalidade de investimento” chamada “manipulação da realidade” para interesses mesquinhos.

O problema para estes “investidores” é que não é possível lutar contra a História. Por mais que se queira comprar a realidade – seja a débito, a crédito ou no Pix – a realidade nua e crua aflora. O tempo se encarrega de mostrar aquilo que se tenta esconder e a História é a “ciência dos homens no tempo”, já diria Marc Bloch. É a História que se encarrega de gravar na memória aquilo que as pessoas querem esquecer ou esconder. Enquanto houver pessoas e enquanto houver a luta contra a falcatrua e a disputa desleal dos interesses, haverá uma tensão permanente na sociedade à medida que a realidade se impõe.

Isto posto, o tempo passou para Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, desembargadores do TRF4, conglomerados privados de imprensa, especuladores da Avenida Faria Lima, pastores evangélicos “vendilhões do templo”, milícias paramilitares, crime organizado, latifundiários do “Boi e da Bala”, garimpeiros e assassinos de aluguel. O tempo passou mais veloz do que eles próprios imaginavam. A realidade aflorou antes que pudessem garantir todos os mecanismos de contraprova e se blindarem da História. Ao que tudo indica, não conhecem o “Mito do Édipo”, ou se conhecem, ignoram seus ensinamentos. Nenhuma surpresa na era em que as elites econômicas estão cada vez mais incultas, decadentes e se garantem apenas na base da chantagem financeira e bélica.

As recentes denúncias do empresário paranaense Tony Garcia não são nem de perto uma surpresa mas um capítulo a mais que dobra ou triplica a ciência acerca do nível de imoralidade de Sérgio Moro e de toda a Operação Lava-Jato, operação de Lawfare montada no país para golpear um governo e empurrar o país para o mais absoluto atraso. Não é a toa que Moro, na maior cara de pau, entrou num governo fascista como Ministro da Justiça (obviamente pensando além). Com um comportamento de um verdadeiro parasita de parasitas, o objetivo particular de Moro (à revelia do povo e seus interesses) era o de alcançar o Supremo Tribunal Federal ou a Presidência da República – no melhor estilo Fernando Collor de Mello: escolhido pelo Império Globo para desempenhar o papel de “salvador da Pátria” ou “Caçador de Marajás”, para usar a expressão da moda em 1989. Moro se apresentava como uma espécie de Luís Bonaparte tupiniquim e utilizou um poder da República como veículo – o judiciário – para transitar para outro poder e se vender como uma espécie de “herói da Marvel” diante de um povo inocente, ingênuo e acrítico. E o povo sonhou, pensou estar vivendo num Mundo de super heróis (no mesmo momento que os filmes de super heróis de Hollywood ou da Netflix explodem no Mass media decadente). No melhor estilo Panis et circensis, Moro e a imprensa pensavam que era possível criar um roteiro dissimulando uma “luta do bem contra o mal” sem que a manobra criasse efeitos colaterais reais nocivos em nossa sociedade e sem perceber que, por mais malabarismos existentes, não é possível colocar a elite econômica como “salvadora da sociedade” e o representante dos trabalhadores pobres do país como o “vilão”. Criar este roteiro significa, literalmente, forçar a barra e criar uma realidade inexistente. A realidade se impõe diante da fantasia, não importa o quanto se tenta manobrar e o quanto se tenta gastar dinheiro em enganação. Brincaram com fogo e menosprezaram a realidade, mais uma vez. Eis a pergunta de novo: será que não se lembram dos ensinamentos do “Mito do Édipo”? Acredito que diante disso, devemos perguntar, será que sabem o que é o “Mito do Édipo”? Quanto engano, como se realmente fizessem tais reflexões!

O objetivo da elite brasileira atrasada e inculta era emplacar um elemento messiânico enquanto impunha a sua lógica fisiológica de exploração desenfreada da população pobre trabalhadora, sem contestação, sem críticas e sem adversários. A estratégia funcionou por algum tempo, mas, “ahhh…o tempo!”. A dimensão do tempo se encarrega de colocar as coisas em seus devidos lugares.

Agora mais do que aflorar à superfície, a verdade em torno do Escândalo Sérgio Moro é extremamente grave. Estas atividades criminosas levaram à destruição de empresas nacionais de competitividade global que incomodavam suas concorrentes estrangeiras, levou a uma crise econômica artificial e evitável com milhões de desempregados, levou o país ao mapa da fome de novo e à ascensão do Fascismo “a la brasileira”. Tudo em nome de uma fantasiosa “luta contra a corrupção”. Como combater a corrupção utilizando-se dos métodos mais imorais e corruptos como os delatados não só por Tony Garcia mas dezenas de pessoas direta e indiretamente ligadas ao escândalo da “Vaza a Jato”? As denúncias de Tony Garcia se somam a um mosaico de ilegalidades do ex-Juiz que datam de ao menos o período do Escândalo do Banestado e as famosas contas CC5. Aqui temos uma máquina de moer carne contra o Estado democrático de Direito. Mas somente a notória perseguição sem provas contra Lula bastava para entendermos o que estava bem diante de nossos olhos. E tudo sob um manto de suposta “imparcialidade”, uma pílula dourada pelo império das Organizações Globo em horário nobre junto de todo o conglomerado manipulador de imprensa capitalista. Como denunciado pelo Wikileaks uns anos atrás, o vale-tudo persecutório contava com treinamentos nos EUA, país onde Moro acredita ainda ter retaguarda.

O problema é que Moro se esquece que trabalhar para a CIA e interesses norte-americanos são recompensadores quando os objetivos de guerra do Departamento de Estado do “Tio Sam” têm sucesso. E quando as manobras não têm êxito? Agora não adianta ligar para o demônio Mefistófeles e pedir para “desfazer” o contrato de venda d’alma. Moro vendeu a alma para atingir o poder e levou uma nação inteira a uma derrota humilhante que não sabemos ainda se iremos superar no curto prazo. A chagas do Bolsonarismo entrelaçada com o neopentecostalismo radical virulento, o terraplanismo, o anti-intelectualismo, o negacionismo científico e o culto sistemático à ignorância reduziram as expectativas do país em alcançar um nível de desenvolvimento condizente com nossa vocação de nação orientada para o futuro, nos atrasou muitas e muitas décadas. O Golpe de Estado de 2016 não foi um Golpe contra Dilma Rousseff, Lula ou o PT apenas. Foi um Golpe contra o Brasil e seu povo!

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