Delegado da PF na Bahia confirma caráter eleitoral das ações contra nordestinos no 2º turno e complica Anderson Torres

Delegado da PF na Bahia confirma caráter eleitoral das ações contra nordestinos no 2º turno e complica Anderson Torres

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Investigação foi aberta após a maior parte das blitzes da PRF no domingo do segundo turno ter sido registrada no Nordeste, onde Lula havia registrado sua maior vantagem sobre Jair Bolsonaro.

Considerado peça-chave no inquérito da Polícia Federal que investiga se Anderson Torres e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) atuaram para atrapalhar a presença de eleitores de Lula nos locais de votação no segundo turno, o delegado Leandro Almada, superintendente da PF na Bahia no período eleitoral, prestou um depoimento que ajuda a preencher lacunas na apuração. Questionado pelos investigadores, Almada tocou em pelo menos quatro pontos que ampliam as suspeitas envolvendo Torres, como revela o conteúdo revelado com exclusividade pelo Globo.

A investigação foi aberta após a maior parte das blitzes da PRF no domingo do segundo turno ter sido registrada no Nordeste, região do país onde Lula havia registrado sua maior vantagem sobre Jair Bolsonaro. Na Bahia, o petista teve 69,7% dos votos no primeiro turno, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro ficou com 24,3%. O resultado foi mais largo do que no panorama geral do país, em que o atual presidente teve 48,4%, e o então candidato do PL, 43,2%.

Veja, abaixo, os principais pontos que podem complicar Torres
Lista de cidades
Almada contou aos investigadores que recebeu, em uma reunião com a participação de Torres e do diretor-geral da PF à época, Márcio Nunes, um pedido para reforçar o policiamento ostensivo no dia do segundo turno. Segundo o delegado, houve a “sugestão” de cidades específicas que deveriam concentrar a presença da corporação, mas ele não entregou essa lista no momento da oitiva.

“A gente foi informado, sim, que tinha algumas localidades especificamente, não sei se em função do número de eleitores ou pela cobertura da cidade, enfim. Houve sim, foi encaminhada uma sugestão de cidades para que fosse reforçado”, frisou Almada. O reforço, de acordo com ele, consistiria em mandar equipes ostensivas para essas localidades, “ir lá, ver no TRE, ou na polícia local, conseguir uma base e ficar lá aguardando as demandas”. O delegado acrescentou: “Houve uma relação de cidades. Eu não tenho, mas houve”. Almada comprometeu-se a procurar a lista e enviá-la aos responsáveis pelo inquérito.

O ex-superintendente na Bahia contou também que recebeu uma “sugestão” para que a PF atuasse em conjunto com a PRF na data do segundo turno, o que ele avaliou como “inadequado” e, por isso, acabou não executando. A orientação aconteceu na mesma reunião com a presença de Torres e Nunes.

“Nesse dia também, além do reforço, foi sugerido que a gente atuasse também em conjunto com a PRF”, contou Almada. “A gente alinhou depois dessa reunião, quando eles foram embora, que a gente não… Entendendo inadequada essa ação conjunta, a gente atuaria sozinhos, dentro do nosso planejamento da PF. E foi o que ocorreu”, afirmou.

 

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