Petroleiros defendem ‘retomada’ de refinaria da Petrobras na Bahia, apesar de acordo bilionário

Petroleiros defendem ‘retomada’ de refinaria da Petrobras na Bahia, apesar de acordo bilionário

Compartilhe

Fundo árabe que comprou Refinaria Landulpho Alves (atual Mataripe) pela metade do preço promete investir R$ 12 bilhões em tecnologia de diesel verde desenvolvida pela própria Petrobras.

No último sábado (15), o governo da Bahia assinou um acordo com a Acelen, empresa do fundo privado Mubadala Capital, para investir R$ 12 bilhões nos próximos 10 anos na refinaria Mataripe. O termo de compromisso, firmado durante visita oficial da comitiva brasileira aos Emirados Árabes Unidos, prevê investimentos na produção de diesel verde na antiga refinaria Landulpho Alves (Rlam), privatizada durante a gestão Bolsonaro.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP), no entanto, recebeu com ressalvas a notícia. Isso porque os petroleiros defendem uma negociação com os árabes para a retomada do controle da refinaria baiana.

“Investimentos novos no país são muito importantes. Porém, o anúncio da Acelen é uma intenção de investimentos futuros”, afirmou o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar. “No presente, o que estão investindo na refinaria? Qual a estratégia de abastecimento do mercado baiano, e a que preço para o consumidor, diante da concorrência com a Petrobras, que disputará o mercado baiano com preços competitivos, como já disse o presidente da companhia, Jean Paul Prates?”

Em nota, Bacelar disse que Acelen não tem compromisso com o abastecimento nacional. E destaca que o projeto de diesel verde da Rlam foi todo desenvolvido pela Petrobras. “Ele já estava pronto quando Mubadala comprou a refinaria”, afirmou.

Negócio suspeito

O Mubadala Capital – fundo dos Emirados Árabes Unidos – pagou US$ 1,8 bilhão pela Rlam, negócio que foi concluído em dezembro de 2021. No entanto, o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Naturais e Biocombustíveis (Ineep) apontou, em estudo, que a Rlam valia entre US$ 3 e 4 bilhões. Bancos de investimento – como XP e BTG – também estimaram o valor da refinaria nesta mesma faixa de preço.

Além disso, há suspeitas que as joias milionárias que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu do governo da Arábia Saudita – e que tentou se apropriar indevidamente – tenha relação com a venda da Rlam. No início de março, a FUP apresentou denúncia ao Ministério Público Federal (MPF) sobre o caso. Além disso, a própria Petrobras teria se comprometido a investigar a suspeita de propina.

*Com RBA

Compartilhe

%d blogueiros gostam disto: