Governo Bolsonaro homenageia presidente da ANS, um dia depois de aprovar a compra da SulAmérica pela Rede D’or

Governo Bolsonaro homenageia presidente da ANS, um dia depois de aprovar a compra da SulAmérica pela Rede D’or

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Joaquim de Carvalho – Um dia depois da aprovação da compra da SulAmérica pelo Rede D’or, o Diário Oficial da União publicou nesta terça-feira decreto em que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, confere ao presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Roberto Vanderlei Rebello Filho, a Medalha do Mérito Oswaldo Cruz, uma das maiores honrarias na área da saúde.

Num processo sigiloso, Paulo Rebello tratorou diretores da Agência para aprovar o negócio que aprofunda a verticalização na área da saúde, o que pode causar prejuízos aos usuários. A Rede D’or passa a ser dona de mais de 30 instituições hospitalares e de uma das maiores operadoras de planos de saúde do Brasil, ao mesmo tempo em que detém 30% das ações da Qualicorp, administradora de benefícios.

A ANS determinou restrições consideradas suaves pelo mercado, como a abstenção do conselheiro da Qualicorp em votações que envolverem questões relacionadas à SulAmérica. A Qualicorp estava tão empenhada no negócio que foi seu vice-presidente de Operações e Relacionamento, Pablo Meneses, que atuou nos bastidores da ANS e Conselho Administrativo de Defesa Econômica para que a aquisição fosse aprovada.

A aprovação provocou uma disparada das ações das três empresas envolvidas. O preço da ação da Rede D’or foi de R$ 24,97 para 27,45. A ação da SulAmérica foi de R$ 18,74 para R$ 20,65. E ação da Qualicorp chegou a subir quase 20 por cento.

O advogado Marcos Patullo, especialista em saúde suplementar, entende que a concentração de mercado pode ser positiva para as empresas, mas representa risco de danos aos usuários. “Em princípio, quanto mais concorrência melhor para quem tem plano de saúde”, disse.

O homem a quem o ministro da Saúde vai entregar a Medalha do Mérito Oswaldo Cruz foi chefe de gabinete do deputado Ricardo Barros, do PP, líder do Centrão e do governo Bolsonaro. Ele foi nomeado diretor da ANS por indicação de Barros, que também foi ministro da Saúde.

Barros responde a processo na Justiça eleitoral por lavagem de dinheiro, tráfico de influência e falsidade ideológica eleitoral. Segundo o Ministério Público, ele participou de um esquema de propinas em contratos da empresa de energia Copel, do Paraná.

Seu antigo chefe de gabinete conduziu o processo de aquisição da SulAmérica pela Rede D’or em tempo considerado recorde na ANS e que contraria resolução que proíbe “a participação de administradora de benefícios e operadora de plano de assistência à saúde pertencentes ao mesmo grupo econômico em uma mesma relação contratual”.

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