‘Nunca vi o mercado tão sensível’, diz Lula sobre reação negativa a crítica à ‘tal estabilidade fiscal’

‘Nunca vi o mercado tão sensível’, diz Lula sobre reação negativa a crítica à ‘tal estabilidade fiscal’

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Momentos antes de deixar o Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), onde trabalha a equipe de transição de governo, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou sobre a reação negativa do mercado, nesta quinta-feira, à declaração que ele fez mais cedo com críticas à “tal estabilidade fiscal” e a defesa de priorizar a questão social. Perguntado sobre o assunto, Lula afirmou:

— O mercado fica nervoso à toa. Nunca vi mercado tão sensível como o nosso. É engraçado que o mercado não ficou nervoso nos quatro anos de Bolsonaro — disse o presidente eleito, que deve retornar ainda hoje para São Paulo com a esposa Rosângela da Silva, a Janja.

Lula foi cercado na saída do prédio por um grupo de simpatizantes. Recebeu abraços e agradeceu o carinho dos eleitores.

— É um sentimento de reconhecimento de que o povo brasileiro é extraordinário. Acho que esse povo precisava de um pouco de paz — afirmou, sem responder se a PEC da Transição sairá ainda nesta quinta-feira.

Bolsa despencou após declaração

Mais cedo, em discurso para uma plateia de parlamentares aliados, ele questionou ainda o fato de haver uma meta de inflação, mas não de crescimento do PIB. Lula também afirmou que não vai privatizar estatais como Petrobras e Banco do Brasil.

O mercado reagiu mal às declarações. A Bolsa ampliou as perdas no dia e fechou com queda de 3,35%, o maior tombo em um ano. O dólar subiu com força, fechando a R$ 5,39, na maior alta desde março de 2020. Também não agradou a indicação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para o grupo técnico de Planejamento da equipe de transição.

— Por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal desse país? Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gastos, que é preciso fazer superávit, que é preciso fazer teto de gastos? Por que as mesmas pessoas que discutem teto de gastos com seriedade não discutem a questão social neste país? — disse Lula.

E continuou:

— É preciso mudar alguns conceitos. Muitas coisas que são consideradas como gastos neste país, precisam passar a ser encaradas como investimento. Não é possível que se tenha cortado dinheiro da Farmácia Popular em nome de que é preciso cumprir a meta fiscal, cumprir a regra de ouro.

A regra de ouro impede que o governo se endivide para pagar despesas correntes. Enquanto a meta fiscal prevê uma meta para resultado das contas públicas. Já o teto de gastos trava o crescimento das despesas federais à inflação do ano anterior. Essas são as três regras fiscais em vigor no país.

— Sabe qual é a regra de ouro nesse país? É garantir que nenhuma criança vá dormir sem tomar um copo de leite e acorde sem ter um pão com manteiga para comer todo dia — disse o presidente eleito. Ele acrescentou: — Por que o povo pobre não está na planilha da discussão da macroeconomia? Por que a gente tem meta de inflação, mas não tem meta de crescimento?

*Com O Globo

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