Grande abalo na Democracia americana……espere, que Democracia?

Grande abalo na Democracia americana……espere, que Democracia?

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Chega a ser cômica a forma como a grande imprensa cobre os abalos sociais vistos nos EUA, como se estivéssemos vivendo em um Mundo imaginário. Nesta quarta-feira, 06 de Janeiro de 2021 a opinião pública global ficou espantada com as notícias que emanavam de Washington onde um tumulto tomou conta do Capitólio numa sessão de oficialização da eleição de Joe Biden como 46º presidente americano. Isso tudo após um processo eleitoral marcado por intensa polarização em meio à Pandemia do Covid-19 e a perda de controle dos EUA em seus assuntos domésticos assim como também dos assuntos imperiais, haja visto que a “América” encontra-se em franca decadência com a crise financeira global e a ascensão crescente da República Popular da China.

O que poucos notam na cobertura da imprensa é a tentativa de se criar uma História oficial onde se dobra a aposta o tempo inteiro em versões ideológicas ultrapassadas que em grande realidade são camadas encima de outras camadas mitológicas que dizem respeito a uma suposta sociedade “democrática” que teria sido “maculada” por infortúnios do destino, ou seja, um grupo de loucos de hospício ou extremistas irracionais invadiram o Capitólio marcando um episódio isolado de azar no Mundo “perfeito”.

Que as atividades no Capitólio das quais resultaram na morte de uma funcionária local sejam atos de um certo extremismo, todos estamos de acordo. Entretanto, partir e difundir a crença de que o fascismo, o fanatismo e o extremismo são “raios num céu azul”, ou seja, uma fenômeno social de azar em meio ao suposto ápice da Democracia é um fato um tanto quanto revoltante. Que jornalismo queremos para este século? Iremos dobrar a aposta num mundo cada vez mais fora da realidade e mentiroso? Por que? A serviço de quem? É claro que estas perguntas só fazem sentido quando nos referimos ao um tipo de Jornalismo diferente daquele Jornalismo monopolista, uma máquina de enganação, manipulação e alienação das massas em relação à realidade política. Os jornalões e a grande imprensa são ferramentas de poder onde a versão final por eles forjada é sempre a versão que interessa.

Quando percebem que a narrativa de “azar” não cola, acusam Donald Trump – o novo vilão planetário dos Neoliberais – como o portador da maldade pura, uma espécie de anti-Cristo. Que Trump seja a caricatura perfeita da decadência do Império, não restam dúvidas. Como caricatura de liderança imperial, Trump é um notório sem-noção e age como tal. Agora, o que a imprensa monopolista não explica é o motivo da sociedade local estar tão polarizada e tensionada. Seria apenas idolatria da loucura? A imprensa não quer responder e não quer informar a população dos verdadeiros motivos pelos quais a América atravessa por tumultos históricos. Fogem das explicações sociológicas clássicas. Em nome da notícia aqui e agora para encerrar o expediente com a versão final traçada o mais rápido possível, culpam ações isoladas, criam e recriam vilões tradicionais. O show e a história hollywoodiana não podem parar. Para a imprensa burguesa é necessário sempre abastecer a carga de magia e ilusão. Quem será Luke Skywalker ou o Darth Vader da vez?

Todos com um mínimo de decência analítica sabem que os EUA não são uma Democracia. Nunca foram. Estes véus ideológicos todos já caíram por terra publicamente para todo o Mundo assistir de camarote. Seja porque os EUA levam a destruição e a falência de nações não-alinhadas onde intervém militarmente, economicamente e juridicamente ou então seja pelas demonstrações de ditadura e brutalidade sociais vistas em próprio solo americano quando negros são assassinados pela Polícia e a miséria e indigência se avolumam nas periferias de Los Angeles, Detroit, Nova York e outras praças do “progresso liberal”. A sociedade americana vive numa realidade onde a ideia de Democracia tornou-se religião – ou seja – a Democracia é pregada como se fosse um culto mas não é praticada. Os EUA são uma Democracia? Que Democracia? Se nem ao menos as Eleições são realizadas de forma transparente. É um processo controverso e confuso onde a decisão se dá numa escala de eleição indireta. Todos sabem que Eleições única e exclusivamente não são Democracia, são uma novela controlada pelo poder econômico com objetivo de simular um Mundo de participação popular nos assuntos de poder, um ilusionismo que atravessa os séculos.

É preciso questionar a insistência dos jornalistas, comentaristas e analistas de plantão em relação a rejeição da análise aprofundada. A sociedade americana encontra-se tensionada porque o Capital está em crise. A Crise do Capital, que se aprofunda dia e noite já atingiu o centro do Império, ou seja, já foi o tempo que a Crise era despejada na cabeça do Terceiro Mundo, hoje os vetores críticos irradiam aqui e lá simultaneamente. Por este motivo, não existe a menor surpresa em relação aos motivos pelos quais a sociedade americana encontra-se tão polarizada e tensionada, o que gera revoltas e tumultos. O povo, em grande medida é desinformado e mantido na ignorância pela Burguesia no que se refere aos verdadeiros motivos das condições cada vez piores de vida e sociabilidade. Devemos esperar que o povo reaja à desigualdade e à injustiça de forma pacífica? O mesmo se aplica em relação ao problema do crescimento da Extrema-Direita, um assunto muito mal explicado. Em que pese o fato de haver elos poderosos no abastecimento da Extrema-Direita (elos poderosos leia-se o Capital financeiro monopolista, um fenômeno conhecidíssimo inclusive), a população na sua ingenuidade abraça aquilo que acredita ser força para combater o sistema. Em vários países do globo, a Extrema-Direita se alimenta do ressentimento do povo em relação ao Status quo. Porém, a forma como a imprensa retrata os tumultos, sejam eles de direita ou esquerda segue o padrão mentiroso de sempre, “loucos de hospício” ou “vândalos”, dotados de uma capacidade incrível de fazer a maldade pura sem motivo, razão ou circunstância. A quem querem enganar? Os eventos de violência no Capitólio são científicos, o tecido social da classe trabalhadora Mundial e também da América se esfarela na mesma proporção que o avanço da Crise do Capital no Primeiro Mundo.

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