VALE CELEBRA A VITÓRIA DA PRIVATARIA TUCANA COM MAIS UM MEGA DESASTRE AMBIENTAL.
É inevitável que o desastre de hoje, na barragem de Brumadinho, não nos remeta ao ocorrido na barragem de Mariana, com a mesma participação da Vale, antiga Vale do Rio Doce. O que pouco de discute é a natureza do problema, não só pelas consequências de engenharia ou planejamento mas, de sistema econômico e de governo.
Os desastres dos rompimentos das barragens não só deixam uma péssima imagem do país, como um rastro de crise humanitária, com perdas irreparáveis para a sociedade e ao meio ambiente mas, nos força a uma compreensão maior do que o capitalismo tupiniquim bananeiro é capaz de produzir. Com isso, vale citar um outro caso ocorrido na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, a explosão e o desabamento da cúpula de um dos maiores alto-fornos do mundo.
O desabamento do alto-forno dois da CSN é visto pela engenharia acadêmica como um absurdo de negligência, não dos funcionários mas, da direção da usina. Tal fato, inédito na siderurgia mundial foi fruto do sucateamento na usina, material e humano. A siderúrgica, uma das maiores do mundo e a maior produtora mundial de folhas de aço quando foi privatizada, também na era FHC, soma-se ao vexame de engenharia e de sucateamento da Vale.
O que une os três casos, não por acaso, é a privataria tucana da era FHC, seguido de uma lógica de gafanhoto das empresas herdadas do mais perverso processo de “desestatização” da história do país. O resultado de anos de pouco ou nenhum investimento em material humano, achatamento salarial, alta rotatividade de profissionais e a lógica do lucro máximo para investidores do mercado financeiro, no longo prazo, construiu o estado precário das barragens. Na CSN, por exemplo, o aço ainda é nivelado utilizando marretas de 13 quilos, carinhosamente apelidadas de sexta-feira, alusão ao filme “Sexta-feira Treze”. É a única grande usina do mundo a ainda utilizar esse método.
A soma desses fatores, resultaram, inevitavelmente no descaso e no descompromisso entre empresas privadas e as comunidades locais que, em vias de regra, colocam toda a população do entorno, em grande perigo. Brumadinho não é e nem será a última barragem a se romper. Mas, resta a pergunta: Por que enquanto essas empresas, Vale e CSN, eram estatais, nunca havia ocorrido desastres com grandes dimensões como as atuais? A resposta, mesmo, óbvia, dispensa mais explicações. É preciso perguntar o porquê.
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